16 de fev. de 2023

A OBRA COMPLETA DE ERICO

  • Fantoches (1932)
  • Clarissa (1933)
  • Caminhos Cruzados (1935)
  • A Vida de Joana d'Arc (1935)
  • As Aventuras do Avião Vermelho (1936)
  • Os Três Porquinhos Pobres (1936)
  • Rosa Maria no Castelo Encantado (1936)
  • Meu ABC (1936)
  • Música ao Longe (1936)
  • Um Lugar ao Sol (1936)
  • As Aventuras de Tibicuera (1937)
  • Um Urso com Música na Barriga (1938)
  • Olhai os Lírios do Campo (1938)
  • A Vida do Elefante Basílio (1939)
  • Outra Vez Três OS Porquinhos (1939)
  • Viagem à Aurora do Mundo (1939)
  • Aventuras do Mundo da Higiene (1939)
  • Saga (1940)
  • Gato Preto em Campo de Neve (1941)
  • O Resto é Silêncio (1942)
  • A Volta do Gato Preto (1946)
  • O Continente (1949)
  • Primeiro volume da trilogia O Tempo e o Vento, o Retrato (1951)
  • Segundo volume da trilogia, Noite (1954)
  • Gentes e Bichos (1956)
  • México (1957)
  • O Ataque (1959)
  • O Arquipélago (1961)
  • Terceiro volume da trilogia, Senhor Embaixador (1965)
  • Prisioneiro (1967)
  • Israel em Abril (1969)
  • Incidente em Antares (1971)
  • Solo de Clarineta (1972)

DO CADERNO H - 13/12/1975

O ERICO

Mario Quintana

Escritas antes, para comemorar os seus setenta anos, as palavras seguintes saem hoje dolorosamente ainda com a presença física de Erico Veríssimo. Foram escritas para ele as ler. Isso explica o tom com que as escrevi. E que conservo, Deus sabe por quê.

E como se nada tivesse acontecido. Porque a morte nunca desatualizou ninguém, e muito menos o nosso querido Erico.

"Quando, com os da minha geração, que era a dele, eu conheci o Erico, ficamos a chamá-lo para sempre e assim mesmo: o Erico. O mesmo aconteceu com as outras gerações. Como ele é, antes de tudo, uma presença humana, essa familiaridade explica-se por si. Ele está conosco é o que pensam. O raio do homem consegue ser contemporâneo de todas as gerações.

Pois não será esse, acaso, o segredo de um verdadeiro romancista?

Por isso é que ele entra agora na casa dos setenta com a mesma afoiteza e curiosidade com que entrou na casa dos vinte, de olhos bem abertos para a vida. A vida continuou. Ele também. Sempre em dia com ela.

Aliás, a vida está sempre em dia. Essa obsessão de contar o tempo, deixemo-la para os relógios, máquinas inumanas. Deixemos, pois, a casa dos setenta uma abstração e entremos na acolhedora casa do Erico. Aceitemos a rodada de cafezinho que Dona Mafalda nos serve. Olhemos em torno. Há sempre lá novas caras. Há sempre alguém falando, um visitante, é claro, e o Erico escutando.

Ele sempre soube escutar.

Não sei o que ele pensava de nós, os da sua geração, quando o conhecemos. Mas nós o achávamos diferente. Desconfio que esse adjetivo não deve agradar lá muito a quem quis sempre comungar. Emendo, em tempo e a bem da verdade: cada um de nós é que queria ser diferente. Ele era igual. Ele era ele, sempre foi ele.

Alguém que soube dar um honesto testemunho do mundo e de si mesmo aos homens. Agora compreendo. Foi essa integridade que nos atraiu, naqueles longes tempos... E que, até hoje, continua atraindo os seus leitores".



A Livraria do Globo da Rua da Praia

  A escultura de ferro no topo do prédio da Rua dos Andradas (Rua da Praia), talvez continue despercebida devido à pressa dos dias de hoje. ...