23 de dez. de 2020

Conto natalino do escritor Erico Verissimo publicado em 1939 na revista O Cruzeiro

O texto foi redescoberto pelo jornalista e pesquisador Vilmar Ledesma. 

O conto passeia pelos bairros de uma Porto Alegre de cadeiras na calçada e bares alemães.

Em dezembro de 1939, uma edição especial de Natal da revista O Cruzeiro, trazia, nas páginas 34, 35 e 36, um misto de conto/crônica de Natal assinado por Erico Verissimo. A narrativa passeia por vários bairros da Porto Alegre de 1939, flagrando diferenças sociais e étnicas da cidade ao retratar como tipos característicos de cada vizinhança encaram a noite de Natal. É o retrato de uma Porto Alegre ainda muito germânica, algo que a II Guerra, que naquele ano já havia eclodido na Europa, mudaria muito.

Video no youtube Porto Alegre de Erico Verissimo


NOITE DE NATAL EM PORTO ALEGRE

POR ERICO VERISSIMO

As estrelas caíram no Guaíba.  Piscam luzes nas ilhas escuras.  O motor duma lancha bate surdo e alto como um enorme coração medroso.  Junto do cais há uma floresta desgalhada de mastros.  A água marulha, mole, bate no costado dos barcos adormecidos.  Na proa de um  navio alemão que veio de Hamburgo recorta-se o vulto dum homem.  Dou uma estrela pelos seus pensamentos:  talvez ganhe, em troca, um lindo poema.  Dou duas estrelas... três estrelas... todo o céu... Olhe que vou bater... Todo o céu, meu romântico marinheiro, inclusive a lua, as nuvens e os querubins... O homem continua imóvel.  Nada feito.  Sigo adiante, passo pelos guindastes que não têm Natal.  Paro para contemplar um veleiro, vejo luzes lá dentro, ouço vozes, o som duma cordeona.  Depois é uma barcaça de carão, uma draga, de novo um navio mercante.  Um caíque se aventura rio em fora, um vulto rema sereno, a noite é tão silenciosa ali no cais que julgo ouvir a suave batida dos remos ferindo a água.  Decerto aquele homem vai pescar estrelas.  É preciso uma grande rede para pescar estrelas.  (Quando é que a gente se livra do fantasma do Tagoro?)  Jogo o meu cigarro no rio, desejo-lhe um “Feliz Natal!” e sigo para a cidade.

DIÁLOGO

- No Norte, o Natal é diferente... – dizia meu amigo pernambucano.

- Este entusiasmo pelo Natal – expliquei – este costume de enfeitar pinheirinhos e fazer que o Papai Noel apareça na véspera de Natal, nos foram trazidos pelos imigrantes alemães.  Ensinaram-nos também muitas outras coisas.  Algumas boas, outras más...

- É curioso.  A filha do dono de minha pensão dá a Papai Noel um nome esquisito.

- Pelznickel... Era assim que muitas das crianças de meu tempo lhe chamavam... Christkindchen é o Menino Jesus... e não eram só as c rianças de sangue alemão que conheciam  e usavam esses nomes...

Pausa.  Continuamos a andar.  Aproximamo-nos da rua dos Andradas.  Mergulhamos no clarão dos combustores e dos letreiros luminosos.  A rua está negra de gente.  Dos cafés vem o clamor de vozes, risadas, música...

Meu companheiro para debaixo de um grande anúncio a gás neon.  Por um instante seu rosto fica purpúreo, e eu penso no conto de Poe A Máscara da Morte Vermelha...

BAR ALEMÃO

Em cima do balcão de mármore, perto da máquina registradora, ergue-se uma minúscula árvore de Natal.  As velas coloridas estão acesas, e os penduricalhos lampejam, refletindo as luzes da sala.

As mesas acham-se quase todas ocupadas.  Sentamo-nos perto do aquário.  Um dos peixinhos japoneses encosta o focinho no vidro, à altura de minha cabeça, e fica me olhando.

- São conhecidos? – indaga o meu companheiro.

- Ah... conhecemo-nos de cumprimento.

Um garçom se aproxima.  Pedimos chopes.

Uma vitrola arremessa para o salão os compassos duma valsa de Strauss.  Aceitamo-la como se aceitam as coisas inevitáveis.

Olha em torno.  Talvez sejamos os únicos brasileiros puros (puros?) no bar.  Só vejo epidermes claras, algumas caras apopléticas, cabeleiras que vão desde o castanho bronzeado e chegam, via-ruivo e cor-de-palha, até o louro de platina.  Um minuto de silêncio em homenagem a Jean Harlow.

- Prosit! – diz meu companheiro.

- Prosit – respondo.  E, depois do primeiro gole, ainda com um  bigode de espuma, acrescento – Qual!  O de que nós dois precisamos é de uma bela nacionalização...

As conversas crescem, sobem como ondas quentes.  Faz calor.  Um senhor gordo passa o lenço pela nuca vermelha, lustrosa e pregueada.  Uma vasta senhora ciclópica abana-se com um leque, bate com ele nos seios fartos que decerto já amamentaram algum Siegfried.

As paredes do bar estão eriçadas de pontas de cervo.  Viva a falta de malícia germânica!

Os peixes nadam por entre algas.  Faz de conta que elas são as suas árvores-de-natal.  Mas... nada de sentimentalismos em torno de peixes.

Strauss retirou-se de cena.  Agora saem da vitrola os acordes duma doce melodia conhecida.  Há como que um vácuo na sala:  um súbito buraco de silêncio se abre.  E de repente, sem o comando dum maestro, todos começam a cantar “Sttile Nacht, Heilige Nacht...”  Parece que se sentem felizes.  Mas duma felicidade triste.  Lembram-se decerto de Vaterland.  E no entanto muitos deles são apenas netos de alemães, nunca viram a Alemanha a não ser em cartões-postais.

Raça... uma grande coisa, amigo!  Mas que perigo!  Pegamos o chope e saímos.

COMISSÃO JULGADORA

Concurso de árvores de natal instituído por uma grande empresa.  Lá vai serenamente dentro dum Lassale a comissão julgadora.  Poetas, jornalistas, pintores, escultores e um senhor do comércio local.  Visitam as casas que se inscreveram no concurso.  São recebidos com amabilidades, doces e bebidas.  Na primeira casa, tudo ótimo.  Uma linda árvore.  Crianças adoráveis.  Um casal muito simpático.  Passam para a segunda casa.  A mesma cena.  Mais bebidas.  Já o mundo, para a comissão julgadora, passa a ser um estranho lugar cheio de alegrias fumegantes, de gente adorável e da mais absoluta e excitante alegria.  Terceira casa.  “Agora queremos oferecer aos senhores alguma coisinha para beber...”.  Ótima ideia.  E lá se vai a comissão julgadora.  Quarta casa.  O presidente da comissão entra na sala, olha a árvore de Natal e depois chama o secretário para um canto e, com voz arrastada e grossa, lhe pergunta:

- Senhor secretário... não acha... não acha... que é um esbanjamento inútil... fazerem... du... duas árvores de Natal?

O secretário, que já não pode com o peso das pálpebras, fixa o olhar no pinheiro enfeitado e protesta:

- Perdão, Senhor presidente... Duas não... Três!

NA FLORESTA

Passamos por uma casa de janelas iluminadas.  Relanceio os olhos para dentro da sala.  Basta aquela visão rápida para eu recompor depois mentalmente a cena.  O dono da casa deve se chamar Shultz ou Schmidt.  Trabalha numa firma alemã da Rua Sete.  Tem três filhos:  Willy, Karl e Trude.  Estão esperando o Pelznickel...  A árvore de Natal vem exercen do suas funções regularmente há seis anos, desde que Willy nasceu.  Frau Schultz ou Schmidt fez uma linda cuca.  Há dois barris de chope na área.  Os rapazes da firma vão aparecer.  “Que farra!” – antegoza o senhor Schultz ou Schmidt.  Cantarão abraçados canções engraçadas.  Pelznickel vai trazer uma boneca para trude, soldadinhos nazistas para Karl e um avião de bombardeio para Willy.

NA RUA DUQUE

É uma casa alta e antiga, com azulejos.  Família tradicional.  Grande árvore de Natal na varanda.

O dono da casa é médico.  Tem quatro filhos.  Os dois primeiros acreditam em Papai Noel, os outros dois não.

O rádio enche a casa de música.  Vozes alegres se escapam pelas janelas escancaradas.

Dona M aria vai buscar os gelados no refrigerador.  Na grande mesa alinham-se pratos com sanduíches, nozes, avelãs, castanhas e passas.  Ouve-se o estouro de uma garrafa de champanhe que se abre.

Não há canções tradicionais.

O senhor nacionalista conversa com um tenente do exército:

- Pois é.  Precisamos acabar com esses estrangeirismos.  Nada de Papá Noel ou de Pelznickel.  Vovô Índio... É... Vovô Índio.  Que diabo!  Temos neve?  Temos pinheiro?  Isso é coisa para a Europa.

- A América para os americanos – obtemperou o oficial.

O senhor nacionalista fica um instante pensativo e depois continua:

- E  porque não promovemos o nosso Negrinho do Pastoreio a papai Noel?  Ficava admirável.  Em vez de pinheiro, um umbu... ou outra árvore menor...  Bastava acender uma vela para o Negrinho e ficar a pedir um presente...

Ficou sorrindo não para o tenente mas para a própria ideia.

CIDADE BAIXA

Aqui nessa zona de casas melancólicas, pequenas e velhas começou a cidade.  Olho discretamente para dentro de uma casa de porta e janela e vejo uma árvore de Natal solitária no centro da pequena sala.  Luz amarelada a alumiar meia dúzia de caras tristes.  Casa decerto de um modesto funcionário público que não foi contemplado no reajustamento.  Ele, a mulher, a filha solteirona, a filha noiva ao lado do eterno noivo (que decerto também não foi contemplado em coisa nenhuma nesta vida).  Estão tristes e graves, parece que a árvore de Natal é uma criança morta e eles estão ali em silêncio, velando o anjinho...

NOS NAVEGANTES

Para as famílias que moram nas velhas barcaças encalhadas na praia do Navegantes não há Natal.

NOS MOINHOS DE VENTOS

Palacete dum industrialista alemão que ficou rico com a guerra (a primeira).  Grande parque com palmeiras, pinheiros e outras árvores que a escuridão e a falta de conhecimento de botânica me impedem de classificar.

Janelas fechadas.  A fraulein que cuida da casa saiu com o namorado, um mecânico ruivo e atlético.  Decerto a esta hora estão bebendo num bar qualquer.

Os donos da casa foram passar o Natal na Alemanha.

NO BONFIM

O Bonfim é o “ghetto”.  Lojas, cafés, dois cinemas, judeus velhos sentados nas frentes das casas, barrete negro na cabeça, barbas longas grisalhas ou completamente brancas.  Mocinhos e Mocinhas a passear nas calçadas.  O Centro Social Israelita.  Salões de bilhar.  Aqui e ali uma casa de família brasileira.

Para esta gente Cristo ainda não nasceu.

Mas aquela meninazinha que ali está na calçada, de dedo na boca, e que se chama Lea, deita olhares compridos de inveja para a árvore de Natal que cintila na casinha da família brasileira.

COLÔNIA AFRICANA*

Uma zona em que as fronteiras do “ghetto” e da Colônia Africana se misturam.  Começamos a ver negros e negras endomingados para festejar o Natal.  Alguns deles foram ao “cabelizador” alisar a carapinha, muitos botaram na cabeça, no lenço, na lapela uma loção que tem um cheiro que lembra o doce de batatas.

A rua é de terra batida cor de rosa.  A casa, de tábua.  A família é grande e há muitos convidados.  A maioria deles se acha no terreiro, debaixo das árvores.  Um mulato cabelizado toca um violão.  Um preto começa a tocar um samba.  O refresco corre a rosa (framboesa, naturalmente).

Na sala de visitas há um presépio encardido.  E também um pequeníssimo e esmirrado pinheirinho cheio de curiosos enfeites: vidros de iodo vazios, lâmpadas elétricas queimadas, colares de contas coloridas, vidrilhos e flores de papel de seda.

Tudo indica que a festa vai acabar em macumba.

DÚVIDA

Nas ruas alguns homens se abraçam e quase todos parecem alegres.  Desejam-se bom Natal e muitos aproveitam o pretexto para tomar tremendas bebedeiras.

- Eu só queria saber uma coisa...

- Que é? – indagou o companheiro.

- É se essa gente realmente se lembra que hoje se festeja o nascimento de Jesus...

O amigo parou, franziu a testa numa careta de estranheza e exclama:

- Mas é mesmo, rapaz!  E eu que nem me lembrava disso!?

NOTA SENTIMENTAL

O Natal do poeta solitário que não tem família nem esperança e que anda pelas ruas como cachorro sem dono a olhar para as estrelas?

Oh!  Não... Mil vezes não!


Revista O Cruzeiro, 23 de dezembro de 1939

 

  • A região em que se localizava a Colônia Africana é o hoje bairro Rio Branco (nota do editor).


Fonte:  ZeroHora/Caderno PrOA em 19/12/2015

 

 

23 de set. de 2020

Pronunciamento do Deputado Estadual Ruy Carlos Ostermann, autor do projeto de lei nº23/83, que deu nome à Casa de Cultura Mario Quintana ao ex-Majestic Hotel.

 Dia 28 de junho de 1983 na Assembleia Legislativa.


"Sr. Presidente, Srs. Deputados:


Nesta casa se presta, neste momento, a homenagem talvez estranha mas indispensável à poesia.

Em tempo de extrema dificuldade para a articulação até mesmo das frases, em tempo de extrema penúria para o conteúdo das frases, em tempo de silêncios, em tempo em que a palavra não se ouve e ela se cala, me parece que lembrar que um prédio, da mais bonita e saudosa arquitetura de Porto Alegre, o ex-majestic Hotel, seja agora transformado em Casa de Cultura e que por iniciativa de um Projeto de Lei desta Casa possa esta Casa de Cultura denominar-se 'Mario Quintana', eu penso que se está, sob muitas formas, agradecendo, retribuindo, devolvendo de algum modo a alegria, a justeza da frase, a capacidade de embevecimento e, sem dúvida, os valores morais, estéticos e de humanidade de um Poeta.

Esta Casa tem se caracterizado pela defesa intransigente de fatos imediatos, dolorosos, cruéis e contundentes. Poucas vezes ela pôde, no entanto, demorar-se numa atitude, talvez, até surpreendente, para abrigar, na generosidade, a um Poeta e designar-lhe então um lugar na cidade, na cidade que ele sempre amou, que ele soube amar nos seus desvios, nas suas esquinas, que ele soube, sobretudo, amar na sua paisagem humana.

Este homem que solidariamente, durante algum tempo, justificou quase que a preservação do ex-Majestic Hotel, esse homem que transitava solitário por aqueles arredores e que lá, certamente escreveu algumas das páginas, alguns dos versos que hão de ficar na memória, na sensibilidade brasileira, está a merecer hoje, nesta Casa - e estou fazendo o encaminhamento da votação - um gesto que eu entendo que é de todos nós, pela forma unânime com que foi acolhido pelos pareceres favoráveis que recebeu, nós estamos finalmente dando de volta, não com a generosidade e nem com a grandeza do Poeta, mas com, enfim, a nossa possibilidade politica, estamos dando de volta alguma coisa desta ampla, indiscutível, admirável, contínua doação ás pessoas, que é a poesia de Mario Quintana.

Penso que assim se faz uma pequena justificativa e com isso se justifica o Projeto, que ora encaminhamos".

A cerimônia de votação, apresentação, pareceres, discursos e leituras foi assistida por grande número de pessoas e, principalmente, por Mario Quintana. Após a aprovação, ovacionada por todos, o Poeta subiu à tribuna para um breve e emocionado pronunciamento que a todos comoveu:

“Aqui estão todas as correntes reunidas em torno da poesia, e é em nome da poesia que agradeço aos senhores”.

 

·        KOSLOWSKY SILVA, Liana. Majestic Hotel – Memórias de um Monumento, v46, p114-115 - 1992


26 de ago. de 2020

Sugestões de Leitura



 As memórias do livro - Geraldine Brooks

Inspirado em uma história real, As memórias do livro apresenta a trajetória de Hanna Heath, uma talentosa conservadora de livros que recebe a missão de restaurar e analisar a famosa Hagadá de Sarajevo, manuscrito resgatado após um bombardeio sérvio durante a guerra da Bósnia. A partir das pistas encontradas, a personagem desvenda uma série de enigmas fascinantes enquanto reconstrói as memórias do livro.

As cordas mágicas - Mitch Albom

Francisco Presto nasceu numa cidade pequena da Espanha em plena guerra civil. Com a infância marcada por tragédias, Frankie se torna pupilo de um professor de música cego, que se dedica a lhe ensinar tudo o que sabe. Ao completar 9 anos, ele foge para os Estados Unidos carregando consigo apenas seus bens mais preciosos: um violão e seis cordas mágicas. Com um talento fora do comum para tocar e cantar, Frankie rapidamente alcança o estrelato e influencia o cenário musical do século XX. No entanto, seu dom se transforma em um terrível fardo quando ele percebe que pode afetar o futuro das pessoas: uma corda de seu violão fica azul cada vez que uma vida é alterada. No auge do sucesso, assombrado por seus erros e por seu estranho poder, Frankie sai de cena por anos, ressurgindo apenas para um espetacular e misterioso adeus. Com a sensibilidade e a imaginação que o tornaram um dos mais admirados escritores americanos, Mitch cria uma emocionante e surpreendente história. As cordas mágicas ressoam com uma conexão cósmica.

O Simbolo Perdido - Dan Brown

Em O Símbolo Perdido, aborda a maçonaria nos Estados Unidos e seus vários símbolos ocultos, bem como os fundadores da nação americana envolvidos com a irmandade. Desperta o interesse dos leitores por temas tão variados como ciência, noética, teoria das supercordas e grandes obras de arte, os desafiando a abrir a mente para novos conhecimentos.

Ladrões de livros. A história real de como os nazistas roubaram milhões de livros durante a Segunda Guerra. - Anders Rydell

Quando decidiu seguir o rastro dos saqueadores de livros do período nazista, o jornalista sueco Anders Rydell lançou-se numa jornada de milhares de quilômetros pela Europa. Seu intuito era compreender os fatos que levaram a essa ação tão cruel e descobrir o que ainda existe de tudo o que se perdeu durante a Segunda Guerra. "Milhões de livros esquecidos de milhões de vidas perdidas", foi o que constatou o autor após percorrer as mais remotas bibliotecas do continente. Mas o que de fato desejavam os soldados de Hitler com a pilhagem de livros pertencentes a judeus, comunistas, políticos liberais, maçons, católicos e tantos outros grupos de oposição? Como esse crime literário sem precedentes na história contribuiu para o aniquilamento cultural dos povos perseguidos pelo nazismo? Ladrões de livros – A história real de como os nazistas roubaram milhões de livros durante a Segunda Guerra relata em detalhes os saques efetuados em bibliotecas, livrarias e acervos pessoais no período nazista e mostra, ainda, como um pequeno time de bibliotecários trabalha heroicamente para tentar devolver esses exemplares às vítimas do Holocausto e suas famílias. Uma narrativa emocionante que revela o que um único livro pode representar para quem perdeu tudo no conflito mais sangrento da história.

A elegância do ouriço - Muriel Barbery

Um prédio elegante no centro de Paris; uma desconfiada zeladora de meia-idade, fã de Tolstoi e do Oriente; uma garota cáustica, às turras com a família; um senhor japonês sorridente e misterioso. Com esses ingredientes díspares, Muriel Barbery fez do romance A elegância do ouriço a boa surpresa literária de 2006 na França, onde vendeu mais de 850 mil exemplares.

O perigo de uma história única - Chimamanda Ngozi

Uma das palestras mais assistidas do TED Talk chega em formato de livro. Para os fãs de Chimamanda, e para todos os que querem entender a fonte do preconceito. O que sabemos sobre outras pessoas? Como criamos a imagem que temos de cada povo? Nosso conhecimento é construído pelas histórias que escutamos, e quanto maior for o número de narrativas diversas, mais completa será nossa compreensão sobre determinado assunto. É propondo essa ideia, de diversificarmos as fontes do conhecimento e sermos cautelosos ao ouvir somente uma versão da história, que Chimamanda Ngozi Adichie constrói a palestra que foi adaptada para livro. O perigo de uma história única é uma versão da primeira fala feita por Chimamanda no programa TED Talk, em 2009. Dez anos depois, o vídeo é um dos mais acessados da plataforma, com cerca de 18 milhões de visualizações. Responsável por encantar o mundo com suas narrativas ficcionais, Chimamanda também se mostra uma excelente pensadora do mundo contemporâneo, construindo pontes para um entendimento mais profundo entre culturas.

O passado não tivesse asas" - Pepetela

Duas personagens femininas, dois momentos de um país. Ambientado em Angola durante a guerra civil e no pós-guerra, Se o passado não tivesse asas, novo romance de Pepetela, conjuga as trajetórias de Himba, menina que, sozinha no mundo, tenta sobreviver em meio ao conflito, e de Sofia, que deseja uma vida melhor em tempos de crescimento econômico – porém ainda marcados pela desigualdade social e violência. São narrativas que se combinam e completam, somando-se à experiência pessoal do escritor, ex-guerrilheiro do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Trata-se de um mergulho nas últimas duas décadas de história do país africano e, sobretudo, de uma reflexão sobre a fragilidade do ser humano e suas mais aterradoras contradições – sempre pelo olhar, pela sensibilidade ímpar de um dos maiores nomes da literatura em língua portuguesa atual, vencedor do Prêmio Camões e autor de obras como Mayombe e A geração da utopia.



7 de jul. de 2020

Literatura gaúcha no mercado internacional

Autores ganham projeção no Exterior a partir de incentivos federais para a tradução de livros brasileiros.
Em 2012, a Fundação Biblioteca Nacional (FBN) recebeu um incremento vertiginoso de recursos para o Programa de Apoio à Tradução e à Publicação de Autores Brasileiros no Exterior, que funciona desde os anos 1990. 
O programa da FBN possibilita que editoras estrangeiras recebam bolsas de até US$ 8 mil para traduções de livros brasileiros de literatura e humanidades.

Tailor Diniz - é escritor e roteirista de cinema e TV. Tem doze livros publicados, dentre os quais estão Transversais do tempo (Bertrand Brasil, Prêmio Açorianos de Literatura; Prêmio Associação Gaúcha de Escritores – Melhor Livro de Contos - 2007), Crime na Feira do Livro (Dublinense, traduzido para o alemão e finalista do Prêmio Açorianos, edição 2011, Narrativa Longa). Dentre seus trabalhos como roteirista estão os curtas Terra Prometida, ganhador, em 2006, do prêmio de Melhor Filme nos festivais de cinema de Gramado e Brasilia, e Rolex de Ouro, também baseado em um conto seu, ganhador, em 2007, do prêmio de Melhor Filme na mostra gaúcha do Festival de Cinema de Gramado. A superfície da sombra (2012), publicado pela Grua e em adaptação para o cinema.
👉Neste 'Transversais do Tempo', Tailor Diniz usa a literatura policial para jogar, sempre com maestria, com elementos constitutivos do tempo - e o resultado, provavelmente, deixará o leitor boquiaberto. São sete narrativas deliciosamente ameaçadoras em que passado, presente e futuro encontram-se, com armas em punho, confinados num mesmo espaço. Enquanto os ponteiros do relógio avançam, retrocedem ou, simplesmente, congelam, crimes e mistérios fazem com que personagens - comuns ou incomuns, vítimas ou assassinos, vivos ou mortos - entrem e saiam de cena. Diniz, através de seus textos, mostra que tem o dom de domar o tempo.
👉Um crime assusta os frequentadores da Feira do Livro de Porto Alegre: um conhecido "garimpador" de livros raros é morto a tiros momentos após a abertura. De suas mãos desaparece um exemplar misterioso, trocado por outro, segundos após o crime. Com o caso entregue a uma delegada sensual, porém suspeita, e a partir da entrada na história da integrante de uma estranha confraria sediada no Bairro Bom Fim, o detetive Walter Jacquet não vê outra alternativa e resolve investigar o assassinato. A partir dessa decisão, segue por entre cenários culturais porto-alegrenses, e se envolve com personagens reais e fictícios em busca da verdade escondida - literalmente - nas entrelinhas e ruas da cidade. Livro finalista do Prêmio Açorianos de Literatura 2010 - categoria narrativa longa
👉O candidato a escritor Joãozinho Macedônio passou por todas as oficinas literárias da cidade, mas ainda não chegou a uma grande obra. Até que consegue escrever uma novela baseada em um fato real, a explosão de uma bomba no Centro Histórico de Porto Alegre, na qual deposita todas as suas esperanças. Jamais imaginaria, porém, que, ao submeter o original à avaliação de um amigo detetive, se veria enredado em uma trama de suspense e investigações.
A partir daí, o leitor é levado a acompanhar uma tensa incursão policial pelas ruas da fronteira do Brasil com o Uruguai, onde estaria escondido um terrorista responsável pelo atentado. Mesmo diante do medo de Joãozinho, o detetive Walter Jacquet segue no encalço de pistas e suspeitos realizando suas próprias entrevistas por desconfiar da atuação dos órgãos responsáveis.
Misturando problemas lógicos ao clássico romance policial, Tailor Diniz renova e presta homenagem a esse gênero pouco explorado na literatura brasileira. Com uma trama fluida e envolvente, “Mistério no Centro Histórico” garante momentos de riso, de tensão e de descobertas.
Alcy Cheuiche - (Pelotas) é autor de romances históricos, poesias, crônicas e teatro.Fez cursos de pós-graduação na França e Alemanha. Durante sua temporada na Europa, manteve uma coluna semanal no jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, intitulada Cartas de Paris.
👉'Um testemunho chocante do nosso tempo sobre a situação dos sem-terra no Brasil é o que mostra o escritor Alcy Cheuiche em seu romance Ana sem terra, publicado em alemão sob o título Warum auf morgen warten. É a tragédia dos descendentes de emigrantes de origem germânica na sua desesperada luta por justiça.'Rheinischer Merkur Em Ana sem terra, Cheuiche faz uma cuidadosa pesquisa histórica sobre a reforma agrária no Brasil para contar a trajetória de uma família de imigrantes de origem alemã. Traçando um corte vertical em quarenta anos da história brasileira, este romance perfila conflitos fundiários, o profundo abismo existente entre as camadas sociais e a sombra de um país imerso em profundas contradições. O romance foi publicado na Alemanha pela editora Erlanger e, em 1994, foi um dos livros escolhidos para representar o Brasil na Feira do Livro de Frankfurt, tendo recebido calorosa acolhida da crítica especializada.
👉Sepé Tiarajú – Sobre os Sete Povos das Missões é um romance da literatura brasileira publicado em 1975 e escrito por Alcy Cheuiche. O livro contou com ilustrações detalhadas e profundamente estudadas pelo desenhista uruguaio José Carlos Melgar. A República Guarani, experiência única de uma verdadeira sociedade cristã, feita pelos jesuítas durante 150 anos na América do Sul, foi qualificada pelo filósofo francês Voltaire como um verdadeiro triunfo da Humanidade.
 
Daniel Galera - Nasceu em São Paulo. Filho de gaúchos, passou a maior parte da vida em Porto Alegre.É um escritor e tradutor literário brasileiro. Foi um dos precursores do uso da internet para a literatura, editando e publicando textos em portais e fanzines eletrônicos entre 1997 e 2001. Foi um dos convidados da segunda edição da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), em 2004. Publicou até então quatro livros, além de ter participado em algumas antologias de contos. O livro Cordilheira, parte integrante do projeto Amores Expressos, ganhou o Prêmio Machado de Assis de Romance, concedido pela Fundação Biblioteca Nacional em 2008, além do 3.º lugar do Prêmio Jabuti. Seu livro Barba ensopada de sangue recebeu o 3º lugar no Prêmio Jabuti e foi o vencedor da categoria de Melhor Livro do Ano no Prêmio São Paulo de Literatura 2013. Em 2016, lançou o romance, Meia-Noite e Vinte, pela Companhia das Letras 
 
Barba Ensopada de Sangue, de Galera, já foi negociado para 16 países. Laub acertou as traduções de A Maçã Envenenada (2013) para o francês e o inglês - seu Diário da Queda (2011) foi vendido para 12 mercados editoriais
👉Cordilheira fala de uma escritora brasileira que muda sua vida ao conhecer um misterioso fã numa viagem à Argentina. Uma trama sobre perdas e sonhos, mas também uma reflexão sobre os limites nem sempre definidos entre realidade e ilusão.Primeiro título da coleção Amores Expressos, em que autores brasileiros escrevem histórias de amor ambientadas em diversas cidades do mundo. Diferentemente dos romances anteriores de Daniel Galera, a perspectiva não é a do universo masculino, e sim a de uma narradora sem receio de encarar os próprios abismos emocionais. "Tive vontade de desenvolver uma protagonista mulher", explica o autor, "porque as mulheres modernas me parecem bem mais interessantes e complexas do que os homens. Eu pretendia usar a terceira pessoa, para me permitir certo distanciamento, mas o romance parecia pedir o ponto de vista da narradora, e só consegui levar o texto adiante quando fiz essa opção." Além de uma história de perdas, encontros e desencontros, Cordilheira também é uma reflexão sobre vida e arte, seus limites nem sempre definidos e a maneira como essa sobreposição, em meio aos sonhos e impasses de quem cedo ou tarde precisará enfrentar a realidade, pode acabar mudando os destinos individuais.
👉Neste quarto romance de Daniel Galera, um professor de educação física busca refúgio em Garopaba, um pequeno balneário de Santa Catarina, após a morte do pai. O protagonista (cujo nome não conhecemos) se afasta da relação conturbada com os outros membros da família e mergulha em um isolamento geográfico e psicológico. Ao mesmo tempo, ele empreende a busca pela verdade no caso da morte do avô, o misterioso Gaudério, que teria sido assassinado décadas antes na mesma Garopaba, na época apenas uma vila de pescadores. Sempre acompanhado por Beta, cadela do falecido pai, o professor esquadrinha as lacunas do pouco que lhe é revelado, a contragosto, pelos moradores mais antigos da cidade. Portador de uma condição neurológica congênita que o obriga a interagir com as outras pessoas de modo peculiar, o professor estabelece relações com alguns moradores: uma garçonete e seu filho pequeno, os alunos da natação, um budista histriônico, a secretária de uma agência turística de passeios. Aos poucos, ele vai reunindo as peças que talvez lhe permitam entender melhor a própria história. É também com lacunas e peças aparentemente díspares que Galera constrói sua narrativa. Dotado de um senso impecável de ritmo, ele alterna descrições ricas em sutileza e detalhamento com diálogos ágeis e de rara verossimilhança, que dão vida a um elenco de personagens inesquecíveis

Amilcar Bettega - (São Gabriel) escritor. É formado em engenharia civil e mestre em literatura brasileira. Recebeu o prêmio Açorianos de literatura (da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, 1995) pelo volume de contos O voo da trapezista (Movimento/IEL, 1994). Com Os lados do círculo (Companhia das Letras) conquistou o prêmio Portugal Telecom.
👉Um homem atropela um cachorro vira-latas com seu carro importado e é cercado por uma multidão de favelados. Um jornalista furta um conto inédito de Julio Cortázar e publica-o como se fosse seu. Um grupo de amigos realiza estranhos rituais à beira do rio Guaíba. Nos contos de 'Os lados do círculo' a cidade de Porto Alegre é palco de adultérios, assassinatos e acessos de loucura, acontecimentos descritos com variedade de recursos estilísticos. A experimentação constante faz com que o universo que está sendo retratado adquira forte carga de instabilidade. O autor explora o espaço entre fato e imaginação em narrativas que parecem estar sendo inventadas a cada parágrafo, marca que evidencia uma das principais influências do autor: o escritor argentino Julio Cortázar
👉Filha de um imigrante turco estabelecido no sul do Brasil, Fátima - uma jovem fotógrafa - vai viver na Turquia. Lá se envolve com um artista performático de intenções duvidosas e com um autor de guia de viagens francês, divorciado, com uma história emocional difícil e acidentada. Paralelamente a isso, o pai de Fátima retorna pela primeira vez ao seu país natal para reencontrar a filha - mas não a encontra. Empreende então uma busca infrutífera pelas ruas da grande metrópole turca. A procura não rende frutos. E a busca pela filha se torna, aos poucos, a busca pela própria identidade de um homem encerrado entre passado e presente. O sumiço de Fátima encerra outros mistérios, e não só para o pai dela. O inexplicável e o não dito são habilidosamente trabalhados nesta estreia em romance de um dos mais talentosos contistas brasileiros contemporâneos. Barreira é mais um título da coleção Amores Expressos, em que alguns dos melhores autores brasileiros escrevem histórias de amor em ambientes como Dublin, Tóquio, Lisboa e São Petersburgo.

Michel Laub – (Porto Alegre) é um escritor e jornalista. Publicou seis romances. Recebeu os prêmios JQ-Wingate (Inglaterra), Transfuge (França) e Jabuti(segundo lugar), entre outros, e foi finalista de prêmios como o International Dublin Literary Award, o Correntes d’Escritas(Portugal) e o Portugal Telecom (três vezes).
👉Seu primeiro romance, Música Anterior (Companhia das Letras, 2001), recebeu o Prêmio Erico Verssimo da União Brasileira de Escritores na categoria revelação. 
Dois dramas marcaram de forma definitiva a vida de um juiz - um casamento sem filhos e o fato de ele ter condenado Luciano, réu processado pelo estupro de uma criança. Aproximadas pouco a pouco, essas duas histórias formam um enredo brutal de violência psicológica e impasse afetivo. O protagonista se dispõe a um duro exercício de reconstituição do passado, contando a relação tumultuada que teve com o pai, a mãe e o irmão, e chega a um diagnóstico resignado do presente, em que se vê preso a um casamento desgastado pelas circunstâncias, sem nenhum futuro visível. Ao mesmo tempo, de fiapos do discurso de testemunhas surge a tragédia de Luciano, psicopata atormentado por um trauma fundador na infância e algoz implacável na adolescência e na idade adulta.

👉Em 2005, foi contemplado com uma bolsa da Fundação Vitae, que lhe permitiu escrever O Segundo Tempo(Companhia das Letras, 2006).
No dia 12 de fevereiro de 1989, Grêmio e Internacional entraram no gramado do estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, para aquele que ficou conhecido como o mais importante confronto da história do esporte gaúcho - o chamado Gre-Nal do século. Na arquibancada, um garoto de quinze anos divide-se entre a atenção aos lances do campo e um dilema - dar ou não a Bruno, o irmão caçula sentado ao seu lado, a notícia que vai mudar radicalmente a vida de ambos. Desde as primeiras linhas, este breve e original romance deixa claro que não trata propriamente de futebol, mas de suas relações com o universo dos afetos. Falar do que aconteceu numa partida real, sequência construída com os instrumentos às vezes inconfiáveis da memória, é refletir ficcionalmente sobre uma experiência íntima. Assim, as descrições do pique de um centroavante ou do giro de corpo de um ponteiro direito, com as consequentes reações entre os torcedores, ganham ressonância no caminho percorrido pelo protagonista - inicialmente acuado pelos segredos terríveis que guarda - envolvendo seu pai, sua mãe e a desintegração iminente de sua família -, ele decide enfrentá-los à medida que mudam as expectativas quanto ao resultado do jogo.

👉Diário da queda (Editora Companhia das Letras, 2011), escrito com apoio de uma bolsa da Funarte, foi a sua primeira obra a abordar sua origem judaica, a partir dos diários de seu avô, um sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz. 
Um garoto de treze anos se machuca numa festa de aniversário. Quando adulto, um de seus colegas narra o episódio. A partir das motivações do que se revela mais que um acidente, cujas consequências se projetam em diversos fatos de sua vida nas décadas seguintes - a adolescência conturbada, uma mudança de cidade, um casamento em crise - ele constrói uma reflexão corajosa sobre identidade, afeto e perda. Dessa reflexão fazem parte também as trajetórias de seu pai, com quem o protagonista tem uma relação difícil, e de seu avô, sobrevivente de Auschwitz que passou anos escrevendo um diário secreto e bizarro. São três gerações, cuja história parece ser uma só; são lembranças que se juntam de maneira fragmentada, como numa lista em que os fatos carregam em si tanto inocência quanto brutalidade. Numa prosa que oscila entre violência, lirismo e ironia, com pausas para uma neutralidade quase documental na descrição de cheiros, gostos, sons, fatos e sentimentos, Diário da queda é uma viagem inusitada pela memória de um homem no momento em que ele precisa fazer a escolha que mudará sua vida. 

👉O tribunal da quinta-feira (Cia. das Letras) - Um publicitário faz confissões por e-mail ao melhor amigo. Os textos falam de sexo e amor, casamento e traição, usando termos e piadas ofensivas que contam a história de uma longa crise pessoal. Quando a ex-mulher do protagonista faz cópias das mensagens e as distribui, tem início o escândalo que é o centro deste romance explosivo.
O fio condutor da história, que une o destino dos personagens diante de um tribunal inusitado, são os reflexos tardios e ainda hoje incômodos da epidemia da aids, e o que está em jogo são os limites do que entendemos por tolerância - mas para chegarmos a eles é preciso ir além do que seria uma literatura “correta” ao tratar de homofobia, assédio, violência, empatia, liberdade e solidariedade.

1 de jul. de 2020

Escritores Gaúchos - Dicas Literárias



Marcelo Silva, natural de Porto Alegre, poeta e professor de Literatura e Língua Portuguesa. Mantém o blog Desalinhado, publica poesia e alguns contos em diversos sites e revistas dedicadas ao gênero. Criou a oficina “A poesia é um atentado celeste” na qual estimula o fazer poético por meio de exercícios que envolvem canções, imagens e trabalho coletivo. Em maio de 2019 lançou o livro O que carrego no ventre, editado pela Figura de Linguagem.
➡️O que carrego no ventre - As experiências de um flâneur contemporâneo, negro e brasileiro marcam a escrita de Marcelo Silva. O eu-lírico nos apresenta uma cidade de Porto Alegre boêmia e pauperizada, na qual ser professor e artista é um desafio. Em “O que carrego no ventre”, Marcelo Silva entrega uma poesia que dialoga com a tradição do samba e com a crítica social de Carlos Drummond de Andrade e Carolina Maria de Jesus, sem deixar de olhar para os temas pungentes de nosso tempo.
 
Luís Augusto Fischer - (Novo Hamburgo) é um escritor, ensaísta e professor brasileiro.
Em 2007 recebeu da Secretaria Municipal de Cultura o Prêmio Joaquim Felizardo, como Intelectual do Ano de Porto Alegre. Em 2013, foi eleito Patrono da 59ª Feira do Livro de Porto Alegre.
Tem publicados vários livros de contos, crônicas, ensaios e teoria literária. Seus maiores sucessos de vendas são:
👉Dicionário de Porto-Alegrês (1999) - Luís Augusto Fischer não está apenas colocando a cidade no mapa lingüístico do país. Não: Luís Augusto Fischer está revelando uma oculta dimensão de nossa gente, aquela dimensão que se expressa num linguajar característico, consolidado ao longo de gerações. É uma linguagem que nos fala do presente ou nos remete ao passado, que se refere a sexo, a comida, a esporte; é, enfim, uma linguagem muito peculiar, cujo universo Fischer, professor, intelectual e sensível observador da nossa gente, agora desvenda – e o faz com sabedoria e inteligência, com encanto e graça. Obrigado, Fischer. Como diz o teu Dicionário, a tarefa saiu melhor do que a encomenda. Para alegria e deleite de todos nós. Moacyr Scliar ALERTAR OS GANSOS – Expressão que designa o despertar da consciência de alguém para algo que se desejaria que se mantivesse incógnito. Por exemplo: "Cuida pra não alertar os gansos" pode ser dita por alguém para um amigo que estava a ponto de dar pista sobre algo de muito bom que está pintando mas que deve ser de conhecimento de poucos. A expressão tem tudo a ver com o sentido literal: gansos são ótimos vigias, porque a qualquer movimento ou ruído eles, como direi?, grasnam. BUNDA-MOLE – Covarde, em geral. Parece que deste sentido original é que derivaram outros, associados. O que me pergunto é o seguinte: o ideal seria ter bunda dura, literalmente? DE RENGUEAR CUSCO – Expressão gauchesca, recuperada para o uso na cidade. É um qualificativo para o frio forte, tal que chegaria a deixar o cusco rengo. O mesmo que "frio de lascar", sabe-se lá por quais lascas.

👉Dicionário de Palavras e Expressões Estrangeiras (2004). Este livro lista 1557 'estrangeirismos' que entraram ou estão entrando na língua portuguesa do Brasil. A cada verbete, o autor informa o leitor sobre as possíveis traduções do termo em português, comenta sobre as variações (formais ou de significados) ao longo do tempo e em diferentes lugares do mundo, e compartilha algumas curiosidades. Além de expressões provenientes do latim, francês, inglês, espanhol, alemão e italiano, são elencadas, também outras, dos mais distantes japonês, sânscrito, russo e chinês, por exemplo.

👉Em 2005, publicou seu primeiro texto de ficção mais longo, a novela Quatro Negros. A obra recebeu, naquele ano, o prêmio de melhor novela da Associação Paulista de Críticos de Artes, representou a primeira incursão do autor no campo da narrativa mais longa, a novela. De um modo geral, dialoga com a tradição literária do Rio Grande do Sul, quer seja pela sua forma, quer seja pela temática adotada. O próprio narrador personagem ou foco narrativo, a estruturação sintática, o linguajar podem remeter a Blau Nunes, por exemplo. Por outro lado, não deixa de se contrapor ao chamado romance de 30, ou Neorealismo.
Cabe observar que a narrativa traz personagens negras para o centro da discussão, em particular, dá relevo para Janéti, uma mulher, em um estado da federação em que o patriarcalismo, segundo os críticos, esteve bastante arraigado. Janéti constitui, dessa maneira, uma forma de superação do modelo centrado no gaúcho, o macho viril, peão nos tempos de paz e soldado quando chamado pela guerra.
Duan Kissonde nasceu em Porto Alegre. É poeta, graduando em História pela UFRGS, bolsista CNPq e pesquisador das territorialidades negras em Porto Alegre. Publicou seus poemas em diversas revistas brasileiras e participou das antologias Pretessência (2016), Antologia Literária Jovem Afro(2017), Cadernos Negros vol. 41 (2018) e Coletânea Ancestralidades (2019).
➡️Água de meninos é o livro de estreia do poeta porto-alegrense Duan Kissonde. O título faz referência à região de mesmo nome na cidade de Salvador, Bahia. Água de Meninos foi palco dos combates de 25 de janeiro de 1835, data conhecida como Revolta ou Levante dos Malês, a maior insurreição urbana de escravizados das Américas.
A morte de sua avó, também poeta, em 2014, foi o marco central para a construção do livro. Duan procura uma reescrita da história com H maiúsculo, resgata sua memória afetiva e constrói uma espécie de árvore genealógica poética. 
A obra é dividida em duas partes. A primeira, “Pemba”, reúne poemas escritos entre 2014 e 2016. A segunda, “Cupópias”, apresenta a produção mais recente do poeta, escrita de 2016 a 2018. Duan Kissonde trança seus poemas com o imaginário Bantu e Nagô e resgata a herança dessas culturas no palavreado brasileiro. Pemba é um pó ritualístico utilizado nos rituais de matriz africana e também significa giz. Cupópia é um dialeto de origem Bantu falado no quilombo do Cafundó, no interior de São Paulo. O resultado desta publicação é um livro que nos permite mergulhar com profundidade na mitologia pessoal do poeta, mas que também nos faz revisitar a nossa própria história. José Falero e Tônio Caetano Bruno Cardoso.
➡️Jovem Afro – antologia literária - Livro de contos e poemas de 14 jovens autores (André Edson, Bruna Tamires, Caio Lafaiete, Douglas Rosa, Duan Kissonde, Igor Gomes, Juliane Vicente, Poeta com P de Preto, Raquel Garcia, Trix, Tuanny Medeiros, Ventura Profana, Vitor Duarte, Zainne Lima) de vários estados brasileiros. O livro mostra que a produção literária afro vem se renovando na escrita desses jovens.
O livro traz também ilustrações e HQs de Bruno Gabiru, Junião, Denise Silva, Dandara Alves, Rodrigo Cândido, Kayodê. 
Altair Martins, (Porto Alegre) é um escritor e professor universitário. É romancista, contista e dramaturgo consagrado por alguns dos mais importantes prêmios da literatura do Brasil, tendo também sido vencedor de prêmios literários no exterior (Prêmio Guimarães Rosa, da Radio France Internationale, 1994 e 1999). É vencedor de um dos maiores prêmios literários no Brasil, o Prêmio São Paulo de Literatura, em sua segunda edição, na categoria "primeiro romance", com o livro A parede no escuro. Tem, desde então, publicado as antologias de contos Como se moesse ferro, Se choverem pássaros e Dentro do olho dentro e Enquanto água. Venceu ainda o Prêmio Luiz Vilela, o Concurso Nacional de Contos Josué Guimarães, na Jornada Nacional de Literatura, o Prêmio Açorianos nas categorias conto e romance, o Prêmio Moacyr Scliar, além de ter sido finalista do Prêmio Jabuti em 4 ocasiões. Na dramaturgia, foi vencedor do Premio Minuano de Literatura com a peça Guerra de urina, em 2019.

👉A parede no escuro - Duas famílias, repentinamente, ficam sem a figura paterna - Adorno, dono de uma padaria e pai de Maria do Céu, com quem tem uma relação difícil, é morto em um atropelamento; Forjo - o pai do atropelador - está em estado grave no hospital, cercado por tubos, aumentando ainda mais a angústia do filho. Os diversos narradores expõem e expiam suas culpas e sentimento de perda.

👉Como se moesse ferro - O conto que dá o título a este volume granjeou a Altair Martins o prestigiado Prêmio Guimarães Rosa, concedido pela Radio France International. Ninguém deu importância, porém, (lá como cá…) nem ao conto nem ao novo autor. Cinco anos depois, com "Humano", penúltimo conto do volume, Altair Martins conquistou, pela segunda vez, o mesmo prêmio da Radio France. "Descoberto" pela Novo Imbondeiro em termos nacionais, pôde o editor português juntar a esta edição um outro conto, entretanto saído no Brasil em edição autônoma, "Dentro do Olho Dentro" (também ele distinguido, Prêmio Açorianos de Literatura), o que permite ao leitor prolongar o prazer e a surpresa da descoberta deste notável e poderoso conjunto de histórias. COMO SE MOESSE FERRO serve para demonstrar, se fosse preciso, a plasticidade de uma língua (a nossa) que, com Altair Martins, parece mais viva e criativa do que nunca.                                                               
👉Com uma prosa carregada e densa, que flerta com a poesia, Altair Martins conquistou lugar de destaque no cenário literário nacional.  Em Enquanto água, ele retorna ao conto em um livro intermeado pelo mar, suas idas e vindas. Ao todo, são dezoito textos em que a água é tanto o ponto de união quanto de dispersão. Divididos em quatro capítulos, cada grupo de histórias segue uma sensação: chuva na cara, depois da chuva, garoa, água com gás. Na liquidez dessas tramas, a água pode aparecer como um viés do real, como em Da margem futura, um conto carregado de tensão, sobre um pescador e sua família. Já em O núcleo das estrelas, o elemento ganha uma qualidade fantástica, com o prolixo protagonista chamado apenas de “o narrador”. Um homem cheio de erudição e saberes que, de certa forma, o afogam. No conto O mar, no living, ele prova que o fantástico é um viés do real ou vice-versa. Dramas familiares corriqueiros como a disputa entre sogro e genro e a celebração do primeiro aniversário de uma neta se resolvem pela atuação da natureza que cerca os personagens. Original e repleto de experimentações linguísticas, Enquanto água confirma Altair como um dos melhores contistas brasileiros. Fama que nasceu aos poucos em sua Porto Alegre natal, e ganhou folego e endosso da crítica especializada ao longo dos anos: “busquei o ritmo de rios e chuvas, os transbordamentos e afogamentos”, revela.
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Antônio Xerxenesky (Porto Alegre) é um escritor e tradutor brasileiro. É doutor em Teoria literária pela Universidade de São Paulo e mestre em Literatura comparada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi selecionado em 2012 como um dos 20 melhores jovens escritores pela revista britânica Granta. Sua obra mais conhecida é o romance F (Rocco, 2014), finalista do Prêmio São Paulo de Literatura e primeira seleção do Prix Médicis Étranger de melhor livro estrangeiro traduzido ao francês. Xerxenesky foi escritor residente do International Writing Program, na Universidade de Iowa (Estados Unidos), em 2015, e da Fondation Jan Michalski, em Montricher (Suíça), em 2017.

👉Homens com armas no coldre, à espreita do perigo. Duelos, carteados, mariachis, ambiente desértico, entra e sai no saloon. Elementos típicos das melhores histórias de faroeste povoam o primeiro romance do gaúcho Antônio Xerxenesky. Embaralhadas a eles, situações em geral alienígenas ao clássico repertório do Velho Oeste: um escritor às voltas com um vírus de computador, pitadas irônicas de metalinguagem e até um ataque de zumbis. O pastiche, porém, é apenas uma das dimensões deste livro de estreia. Herdeiro das artimanhas do cinema, contagiado pelas possibilidades narrativas da metaficção, Areia nos dentes passeia por enquadramentos originalíssimos. Como pontos de partida, dois eixos narrativos básicos. Em Mavrak, um vilarejo perdido na fronteira entre o México e os Estados Unidos, duas famílias alimentam uma rivalidade ancestral, num passado não muito remoto. Num apartamento da capital mexicana, um aposentado experimenta as angústias típicas de um escritor, ao tentar, nos dias atuais, narrar a história de seus antepassados. Debaixo destes dois eixos, porém, há diversas outras histórias que se agregam num jogo de espelhos, construído com humor esperto e destreza literária. Porque Areia nos dentes é, sobretudo, um exercício de estratégias narrativas. O leitor ora invade o diário de um personagem, ora acompanha, concomitantemente, o pensamento de dois caubóis envolvidos numa perseguição a cavalo, em duas colunas que dividem a página. Recursos que provam a raridade deste romance de estreia, publicado originalmente em 2008 e finalista do Prêmio Açorianos de Narrativa Longa, no qual a ousadia estilística caminha lado a lado com a ideia de que a literatura pode — e deve — ser uma baita diversão.

👉Após utilizar a escrita como eixo central da trama no romance Areia nos dentes e a própria literatura como premissa para os contos de A página assombrada por fantasmas, ambos publicados pela Rocco, Antônio Xerxenesky se debruça sobre o cinema em F, seu novo romance. O livro conta a história de Ana, que aos 25 anos de idade já havia visto e protagonizado diversas cenas dignas das telas de cinema: decapitações, mortes por queda, cabeças estouradas por tiros de rifle ou espingarda. Talvez por isso não tenha achado graça ao assistir pela primeira vez a Cidadão Kane, de Orson Welles, considerado por muitos críticos o melhor filme de todos os tempos. De qualquer forma, aquilo fazia parte de seu trabalho – ao menos desde que fora contratada para matar o diretor norte-americano. F, segundo romance do escritor gaúcho Antônio Xerxenesky, acompanha a trajetória da jovem matadora de aluguel, que viaja para Paris com o objetivo de conhecer melhor o cinema e a vida de Welles, e assim elaborar o melhor plano para assassiná-lo. Tendo como pano de fundo os anos 1980, o romance passeia pelas ruas da capital francesa, indo de mostras em cineclubes dedicadas ao diretor até discotecas abafadas onde milhares de jovens dançam ao som de sintetizadores sob luzes estroboscópicas. Neste terceiro livro, Xerxenesky evidencia elementos que já estavam presentes em suas obras anteriores, como a mescla entre "alta" e "baixa" cultura, as referências ao universo pop e certo interesse nos possíveis usos da metalinguagem. No entanto, em F o autor parece dar um passo adiante, trazendo essas discussões para o âmbito temático – sobretudo ao tratar das implicações de F for Fake, filme de Welles que ressoa no título do romance. É um livro repleto de ação, mas ao mesmo tempo reflexivo e multifacetado, que levará o leitor a se questionar a respeito de cada página lida.
Luiz Maurício Azevedo nasceu na cidade de Cascavel (PR).
Formado em Letras pela PUCRS, editor e professor de literatura. É doutor em História Literária pela UNICAMP, também mestre em comunicação pela Famecos e pós-doutor em Literatura Brasileira pela UFRGS. Mora em Porto Alegre. Em 2005, encabeçou o grupo que criou o Manifesto Cordialista. Publicou livros, dentre novelas, contos, poemas e romances. Atualmente, vive em Newark, onde realiza estudos na Rutgers University.

➡️Boca de conflito: universidade brasileira, racismo & Marx
Por que pessoas negras ainda são rejeitadas e preteridas em diferentes contextos nas universidades e na tradição acadêmica brasileira? Como podemos reagir diante desse cenário de constantes avanços e retrocessos? Essas são perguntas que o escritor e doutor em Teoria Literária Luiz Mauricio Azevedo tenta responder nesta obra. À luz do marxismo negro, o autor enfatiza como epistemicídios e silenciamentos têm empurrado as universidades brasileiras para a alienação e o isolamento.
➡️Um cão narra a trajetória trágica de seu antigo dono, Álvaro. A história se passa em um futuro distópico, onde os suicídios assistidos se tornaram um serviço comum e a raça humana já não é a espécie dominante no planeta Terra. Pequeno Espólio do Mal é uma obra tocante sobre amor, decepção e apostasia; um romance de filiação estética pós-humana, com uma profunda e melancólica consciência humanística.
O escritor Luan Vargas, de Porto Alegre, vem com uma bagagem acadêmica voltada a filosofia, o autor apresenta uma narrativa que investe na investigação simbólica das relações humanas.
As órbitas ocultas - narra a trajetória de ex-professor de filosofia do ensino médio que, após um encontro inesperado com uma antiga aluna, embarca na tentativa de ressignificar eventos traumáticos do passado. Sexo, suicídio e amores indisponíveis são eixos dessa história.




Pedro Guerra(Caxias do Sul)
é um escritor, formado em Comunicação Social pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) e pós-graduado em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Liderança, Inovação e Gestão pela PUCRS. Como cronista do jornal Pioneiro, ganhou diversos prêmios nas áreas de contos, crônicas e poesias, sendo o mais recente o prêmio Açorianos de Literatura, pelo livro Precisava de Você. Além do lançamento de seus novos livros, trabalha ministrando cursos de escrita, marketing e empreendedorismo, bem como realizando visitas em escolas, onde promove a formação de leitores.
👉O livro Precisava de Você é uma carta-desabafo de Lola Tavares para um tal de Gabriel Vegas, por quem ela se apaixonou no primeiro instante em que o viu. Só que já começamos o livro sabendo um detalhe importante: o relacionamento dos dois não deu certo e é justamente isso que Lola nos conta, de forma leve e engraçada, como Gabriel quebrou o seu coração em mil pedaços. O mais legal de tudo é que qualquer pessoa consegue se identificar com a história já que, provavelmente, todo mundo já foi uma Lola ou um Gabriel e não tem como fugir disso por muito tempo.
👉Não consigo definir o formato do seu rosto, muito menos se aquele borrão embaixo é uma barba rala ou não. Percebo que o cabelo é volumoso e tento desenhar na minha mente as ondas que aqueles fios formam. Uma doença rara diagnosticada na infância nunca impediu Helena de enxergar o mundo, e mesmo com todos os obstáculos, ela é uma jovem alegre, independente e muito sensível Mas é à noite que Lena sente seu coração se encher de dúvidas e agitação ao se "encontrar" com um misterioso rapaz que surge constantemente em seus sonhos. E, apesar de não enxergá-lo com nitidez, ela sabe exatamente como ele é. Um dia, seus pais precisam fazer uma viagem e a jovem é obrigada a ficar sozinha em casa. Quer dizer... não totalmente sozinha. Sua mãe havia contratado um rapaz para cuidar do jardim. E aquilo que parecia ser uma visita indesejada pode trazer uma enorme mudança em sua vida. Para sempre... "Posso vê-lo mais do que a minha capacidade de enxergar permite. Consigo ver que ele é diferente."

👉Um assassinato durante o maior concurso de beleza abala a gélida Caxias do Sul de 1998. A bela Isabel Radaelli é encontrada morta minutos antes de receber a tão sonhada coroa de Rainha da Festa da Uva. Agora, todos são suspeitos para o detetive Benjamin Lisboa, que chegará à chocante conclusão de que tudo dependia do dia seguinte. Uma história que vai intrigar o leitor do início ao fim e surpreender com seu desfecho inesperado.



A Livraria do Globo da Rua da Praia

  A escultura de ferro no topo do prédio da Rua dos Andradas (Rua da Praia), talvez continue despercebida devido à pressa dos dias de hoje. ...