13 de mar. de 2020

21 de março é o Dia Internacional da Poesia


A data foi criada em novembro de 1999 durante a Conferência Geral da Unesco.
Abaixo selecionamos 3 dicas de poesia de autores diferentes e clássicos, considerados tesouros da escrita poética.
  • Para Viver com Poesia, de Mário Quintana



Se quer começar a ler poesia, nada como Mario Quintana: o poeta das coisas simples. Neste livro de fácil leitura, escrita leve e educativa, você encontrará poemas sobre momentos da vida, e reflexões que seriam úteis a pessoas de qualquer idade. Com a sua forma descomplicada e subjetiva de escrever, Quintana criou uma obra linda, acessível e necessária.
  • Sentimento do mundo, de Carlos Drummond de Andrade 

Sentimento do mundo mostra o poeta Carlos Drummond de Andrade atento aos acontecimentos políticos de sua época. Esse autor humanista lamenta que as pessoas mantenham olhos cerrados para o mundo, a ponto de permitir a violência — a Segunda Guerra Mundial e a ditadura getulista — e de trocar a compaixão pelo egoísmo de quem vive fechado em si mesmo ou em um “terraço mediocremente confortável”.
  • Cânticos, de Cecília Meireles 

Cântico reúne 26 poemas inéditos de Cecília Meireles, todos eles de caráter intimista e introspectivo, alguns com mote vinculado à eternidade e à autodescoberta. A obra permite ao leitor observar os manuscritos da autora, oferecendo a rara oportunidade de compartilhar alguns de seus processos de produção poética.

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3 de mar. de 2020

Março: Mês da Mulher

O Dia Internacional da Mulher é, sobretudo, um momento de reflexão para lembrar a luta pela igualdade. A biblioteca Erico Veríssimo oferece dicas de livros (do nosso acervo) escritos por mulheres pertinentes a esta celebração. 


‘O Segundo Sexo’ (1949), de Simone de Beauvoir

Uma leitura fundamental para quem se interessa por entender como, ao longo da história, as identidades das mulheres foram sendo construídas – normalmente em relação a um homem: filha, esposa, mãe, esquecendo-se de si mesmas. Ou seja, como a metade da população foi definida – e se autodefiniu – em função da outra metade. Se você quiser entender de uma vez por todas o que é isso de “não se nasce mulher: torna-se”, esse livro explica perfeitamente. Obra feminista discute o benefício que a igualdade real traria tanto para as mulheres como para os homens. É um ‘best-seller’ desde sua publicação, em 1949, e continua sendo de uma raivosa atualidade, apesar de ter sido escrito mais de sete décadas atrás.

‘Jane Eyre’ (1847), de Charlotte Brontë

Despe de convencionalismos e lugares comuns uma figura, a da mulher órfã, solteira e trabalhadora, que os escritores do século XIX retrataram quase sempre com paternalismo. Se ‘Jane Eyre’ fosse escrito por um homem, sua protagonista seria uma mulher desvalida e vítima de todos. Mas Charlote Brontë conta a história de uma mulher que luta para ser independente e que resiste a ser apenas “mulher de”, e o que aparece é o oposto luminoso de ‘Madame Bovary’. Existe um fundo romântico, é verdade, mas não é o que importa: o essencial é que Jane Eyre fala diretamente ao leitor, conta-lhe sua vida e o faz partícipe dela. Relata de forma direta e apaixonada como era a vida provinciana da Inglaterra vitoriana, fugindo do vitimismo e da autocompaixão. Um romance apaixonante.

‘A Hora da Estrela'(1977), de Clarice Lispector
A prestigiosa filósofa Hélène Cixous considerava essa autora brasileira de origem ucraniana como um exemplo perfeito de “escrita feminina”, uma polêmica categoria estilística. Em todo caso, e filosofia à parte, ‘A Hora da Estrela’ é o texto mais acessível de Lispector e a melhor introdução possível à obra. Sua protagonista, Macabea, é uma migrante perdida no Rio de Janeiro, vive sem saber para quê. Depois de perder a tia, aluga um quarto, emprega-se como datilógrafa e se apaixona por Olímpio de Jesus – que logo a trai com uma colega de trabalho. 
Resenha: O último livro escrito por Clarice Lispector é também uma despedida. Lançado pouco antes de sua morte, A hora da estrela conta os momentos de criação de Rodrigo, o escritor que narra a história de Macabéa. Ela sabia que a morte estava próxima e coloca um pouco de si nas personagens. Ele, um escritor à espera da morte; ela, uma solitária que gosta de ouvir a rádio Relógio e que passou a infância no Nordeste, assim como Clarice. A despedida da autora é uma obra instigante e inovadora. Como diz Rodrigo, estou escrevendo na mesma hora em que sou lido. É a autora contando uma história e, ao mesmo tempo, revelando ao leitor seu processo de criação e sua angústia diante da vida e da morte.

‘A Odisséia de Penélope’ (2005), de Margaret Atwood
A escritora canadense Margaret Atwood é romancista, poetisa, contista e ensaísta e ganhou o Prêmio Arthur C. Clarke e o Prémio Príncipe das Astúrias na categoria “letras”.
O livro é narrado por Penélope e sua trajetória depois de morta, contando fatos de sua vida. Ao mesmo tempo, assombrada pelas doze escravas que a ajudaram a enganar e distrair os homens (pretendentes) que tentavam usurpar o trono de Ulisses, seu marido, e foram enforcadas injustamente.
Margaret Atwood dá voz a nós mulheres dentro do clássico. Penélope pode ser conhecida parcialmente por sua fidelidade a seu marido, mas enganam-se os que só acham isso, pois Penélope possui todas as características gregas de um herói que são honra (τιμή, virtude (αρετή, glória (κλέος) e é tão divina quanto Ulisses. Penélope é uma heroína da história.

Contos D'escárnio/textos grotescos'(1990) de Hilda Hilst
Trata-se de uma sátira muito divertida, com doses generosas de ironia, muito bem estruturada, típica de uma grande escritora. Em “Contos D’Escárnio”, Hilda Hilst deixou-se “incorporar” por um personagem masculino, um sessentão chamado Crasso. Coincidentemente a mesma idade da autora, em 1990, ano da publicação do livro. Em primeira pessoa, como todo livro de memórias, o narrador Crasso registra suas “safadezas da maneira mais chula possível”, deixando o leitor completamente pasmo, embasbacado, pois, independentemente do fato de sabermos distinguir autor e obra, inconscientemente acabamos por vincular uma coisa e outra. É natural. E quem escreveu o livro foi uma “Senhora” de 60 anos. Até poderia ser comum uma senhora escritora de 60 anos escrever sobre “auto-ajuda”; “livro-psicografado”; “coisas religiosas”; “memórias-reais” [...]. Mas não com Hilda Hilst. Não há como enquadrar Hilda Hilst dentro do padrão médio de uma mulher brasileira de 60 anos. Hilda Hilst é um fenômeno, tanto poeta como prosadora.

'Mrs. Dalloway'(1925) de Virginia Woolf
Toda a história do romance se passa num único dia, em junho de 1923, em que Clarissa Dalloway resolve, ela mesma comprar flores para a festa que vai oferecer logo mais, à noite, em sua casa. A partir desta cena inicial, o romance segue a protagonista pelas ruas de Londres num ritmo cinematográfico, registrando suas ações, sensações e pensamentos. Em torno de Clarissa, gravitam vários personagens: o marido Richard Dalloway, a filha Elizabeth, um amigo de juventude que acaba de voltar da Índia, Peter Walsh, com quem ela tem grande conexão afetiva. Até mendigos que ela encontra na rua e o próprio Primeiro-Ministro vão entrar na história. Certos personagens atravessam o caminho de Clarissa, sem que ela se dê conta, e passamos a segui-los. É o caso de Septimus Warren Smith, um ex-combatente da Primeira Guerra Mundial arruinado pela doença mental.
Há simetrias, ressonâncias e descontinuidades, numa trama muito bem urdida por Virginia Woolf. A autora é prodigiosa na exploração dos desvãos da consciência e das ambiguidades entre os afetos e as convenções sociais. Passado e presente se intercalam, e acessamos os vários planos da subjetividade por meio de um elaborado uso do discurso indireto livre. Muito já se comentou sobre Mrs. Dalloway, desde que o livro foi publicado pela primeira vez, em 1925. O romance já foi considerado impressionista, criticado pela falta de unidade e reverenciado por ser revolucionário em termos de linguagem. Já se disse que a obra é incrivelmente contemporânea, fazendo uso de técnicas de justaposição e montagem, como no cinema. Há quem trate o livro como um romance feminino. Ou como um brilhante ensaio filosófico. Mrs. Dalloway também pode ser lido como um documento das transformações sociais e políticas dos anos 1920, ou como um romance psicológico. Ou mesmo como uma vibrante história de amor, com final aberto. A última palavra, evidentemente, é sempre do leitor.

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A Livraria do Globo da Rua da Praia

  A escultura de ferro no topo do prédio da Rua dos Andradas (Rua da Praia), talvez continue despercebida devido à pressa dos dias de hoje. ...