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28 de mai. de 2020

Literatura do Rio Grande do Sul - O Pártenon Literário

Na metade do século XIX, em um período de grande efervescência político-social, causado pelos movimentos republicanos e abolicionistas, ocorreu a fundação da Sociedade Pártenon Literário - na cidade de Porto Alegre, cujo presidente era o autor Caldre e Fião. Tal sociedade reuniu diversos intelectuais rio-grandenses da província de São Pedro que exploraram os mais variados gêneros literários. Os nomes mais importantes foram Caldre e Fião, os irmãos Apolinário, Aquiles e Apeles Porto-Alegre, Carlos Von Koseritz, Lobo da Costa, Hilário Ribeiro, Múcio Teixeira e Luciana de Abreu. O grupo também produziu uma revista, que seria o mais importante veículo de circulação do debate cultural gaúcho do período.

O Pártenon Literário cessou suas atividades literárias por volta de 1896.

Livraria Americana, na Rua da Praia X Rua da Ladeira, era ponto de encontro dos associados no fim do século XIX.
 

Duas obras do período que pode se destacar: 


Caldre e Fião - José Antônio do Vale Caldre e Fião (Porto Alegre, 15 de outubro de 1821 — 30 de março de 1876) foi um escritor, jornalista, político, médico e professor brasileiro. É considerado o patriarca da literatura gaúcha.

A Divina Pastora, romance, 1847;(o primeiro romance da literatura gaúcha e o segundo da história da literatura do Brasil). Publicado no Rio de Janeiro, com o subtítulo “Novela Rio-grandense”, dele, porém, não se conhecia um só exemplar, pois todos os da primeira edição tinham desaparecido misteriosamente, de modo que a obra se transformou em um dos maiores enigmas. Depois de 145 anos de grandes esforços de bibliófilos e pesquisadores, finalmente, em 1992, o livreiro Adão Fernando Monquelat, de Pelotas, localizou em Montevidéu, no Uruguai, o único exemplar até hoje conhecido de A Divina Pastora, que foi reeditado pela RBS no mesmo ano.
Caldre e Fião pertence a tradição do “folhetim”. Tratava-se de narrar uma sequência de aventuras em sucessão episódica, cuja leitura podia ser feita capítulo a capítulo, independentemente do resultado final. Via de regra, cada episódio correspondia a um “rodapé“ do jornal em que o romance era publicado.

























Apolinário - Apolinário José Gomes Porto-Alegre (Rio Grande, 29 de agosto de 1844 — Porto Alegre, 23 de março de 1904) foi um escritor, historiógrafo, poeta e jornalista brasileiro. É considerado um dos autores mais importantes do Rio Grande do Sul.
A obra de Apolinário Porto-Alegre possui como características o regionalismo e o romantismo. O Rio Grande do Sul é a temática de várias publicações, sendo sua principal O Vaqueano, de 1872. Alguns críticos afirmam que a obra foi inspirada no livro O Gaúcho, de José de Alencar.


fonte:

3 de mar. de 2020

Março: Mês da Mulher

O Dia Internacional da Mulher é, sobretudo, um momento de reflexão para lembrar a luta pela igualdade. A biblioteca Erico Veríssimo oferece dicas de livros (do nosso acervo) escritos por mulheres pertinentes a esta celebração. 


‘O Segundo Sexo’ (1949), de Simone de Beauvoir

Uma leitura fundamental para quem se interessa por entender como, ao longo da história, as identidades das mulheres foram sendo construídas – normalmente em relação a um homem: filha, esposa, mãe, esquecendo-se de si mesmas. Ou seja, como a metade da população foi definida – e se autodefiniu – em função da outra metade. Se você quiser entender de uma vez por todas o que é isso de “não se nasce mulher: torna-se”, esse livro explica perfeitamente. Obra feminista discute o benefício que a igualdade real traria tanto para as mulheres como para os homens. É um ‘best-seller’ desde sua publicação, em 1949, e continua sendo de uma raivosa atualidade, apesar de ter sido escrito mais de sete décadas atrás.

‘Jane Eyre’ (1847), de Charlotte Brontë

Despe de convencionalismos e lugares comuns uma figura, a da mulher órfã, solteira e trabalhadora, que os escritores do século XIX retrataram quase sempre com paternalismo. Se ‘Jane Eyre’ fosse escrito por um homem, sua protagonista seria uma mulher desvalida e vítima de todos. Mas Charlote Brontë conta a história de uma mulher que luta para ser independente e que resiste a ser apenas “mulher de”, e o que aparece é o oposto luminoso de ‘Madame Bovary’. Existe um fundo romântico, é verdade, mas não é o que importa: o essencial é que Jane Eyre fala diretamente ao leitor, conta-lhe sua vida e o faz partícipe dela. Relata de forma direta e apaixonada como era a vida provinciana da Inglaterra vitoriana, fugindo do vitimismo e da autocompaixão. Um romance apaixonante.

‘A Hora da Estrela'(1977), de Clarice Lispector
A prestigiosa filósofa Hélène Cixous considerava essa autora brasileira de origem ucraniana como um exemplo perfeito de “escrita feminina”, uma polêmica categoria estilística. Em todo caso, e filosofia à parte, ‘A Hora da Estrela’ é o texto mais acessível de Lispector e a melhor introdução possível à obra. Sua protagonista, Macabea, é uma migrante perdida no Rio de Janeiro, vive sem saber para quê. Depois de perder a tia, aluga um quarto, emprega-se como datilógrafa e se apaixona por Olímpio de Jesus – que logo a trai com uma colega de trabalho. 
Resenha: O último livro escrito por Clarice Lispector é também uma despedida. Lançado pouco antes de sua morte, A hora da estrela conta os momentos de criação de Rodrigo, o escritor que narra a história de Macabéa. Ela sabia que a morte estava próxima e coloca um pouco de si nas personagens. Ele, um escritor à espera da morte; ela, uma solitária que gosta de ouvir a rádio Relógio e que passou a infância no Nordeste, assim como Clarice. A despedida da autora é uma obra instigante e inovadora. Como diz Rodrigo, estou escrevendo na mesma hora em que sou lido. É a autora contando uma história e, ao mesmo tempo, revelando ao leitor seu processo de criação e sua angústia diante da vida e da morte.

‘A Odisséia de Penélope’ (2005), de Margaret Atwood
A escritora canadense Margaret Atwood é romancista, poetisa, contista e ensaísta e ganhou o Prêmio Arthur C. Clarke e o Prémio Príncipe das Astúrias na categoria “letras”.
O livro é narrado por Penélope e sua trajetória depois de morta, contando fatos de sua vida. Ao mesmo tempo, assombrada pelas doze escravas que a ajudaram a enganar e distrair os homens (pretendentes) que tentavam usurpar o trono de Ulisses, seu marido, e foram enforcadas injustamente.
Margaret Atwood dá voz a nós mulheres dentro do clássico. Penélope pode ser conhecida parcialmente por sua fidelidade a seu marido, mas enganam-se os que só acham isso, pois Penélope possui todas as características gregas de um herói que são honra (τιμή, virtude (αρετή, glória (κλέος) e é tão divina quanto Ulisses. Penélope é uma heroína da história.

Contos D'escárnio/textos grotescos'(1990) de Hilda Hilst
Trata-se de uma sátira muito divertida, com doses generosas de ironia, muito bem estruturada, típica de uma grande escritora. Em “Contos D’Escárnio”, Hilda Hilst deixou-se “incorporar” por um personagem masculino, um sessentão chamado Crasso. Coincidentemente a mesma idade da autora, em 1990, ano da publicação do livro. Em primeira pessoa, como todo livro de memórias, o narrador Crasso registra suas “safadezas da maneira mais chula possível”, deixando o leitor completamente pasmo, embasbacado, pois, independentemente do fato de sabermos distinguir autor e obra, inconscientemente acabamos por vincular uma coisa e outra. É natural. E quem escreveu o livro foi uma “Senhora” de 60 anos. Até poderia ser comum uma senhora escritora de 60 anos escrever sobre “auto-ajuda”; “livro-psicografado”; “coisas religiosas”; “memórias-reais” [...]. Mas não com Hilda Hilst. Não há como enquadrar Hilda Hilst dentro do padrão médio de uma mulher brasileira de 60 anos. Hilda Hilst é um fenômeno, tanto poeta como prosadora.

'Mrs. Dalloway'(1925) de Virginia Woolf
Toda a história do romance se passa num único dia, em junho de 1923, em que Clarissa Dalloway resolve, ela mesma comprar flores para a festa que vai oferecer logo mais, à noite, em sua casa. A partir desta cena inicial, o romance segue a protagonista pelas ruas de Londres num ritmo cinematográfico, registrando suas ações, sensações e pensamentos. Em torno de Clarissa, gravitam vários personagens: o marido Richard Dalloway, a filha Elizabeth, um amigo de juventude que acaba de voltar da Índia, Peter Walsh, com quem ela tem grande conexão afetiva. Até mendigos que ela encontra na rua e o próprio Primeiro-Ministro vão entrar na história. Certos personagens atravessam o caminho de Clarissa, sem que ela se dê conta, e passamos a segui-los. É o caso de Septimus Warren Smith, um ex-combatente da Primeira Guerra Mundial arruinado pela doença mental.
Há simetrias, ressonâncias e descontinuidades, numa trama muito bem urdida por Virginia Woolf. A autora é prodigiosa na exploração dos desvãos da consciência e das ambiguidades entre os afetos e as convenções sociais. Passado e presente se intercalam, e acessamos os vários planos da subjetividade por meio de um elaborado uso do discurso indireto livre. Muito já se comentou sobre Mrs. Dalloway, desde que o livro foi publicado pela primeira vez, em 1925. O romance já foi considerado impressionista, criticado pela falta de unidade e reverenciado por ser revolucionário em termos de linguagem. Já se disse que a obra é incrivelmente contemporânea, fazendo uso de técnicas de justaposição e montagem, como no cinema. Há quem trate o livro como um romance feminino. Ou como um brilhante ensaio filosófico. Mrs. Dalloway também pode ser lido como um documento das transformações sociais e políticas dos anos 1920, ou como um romance psicológico. Ou mesmo como uma vibrante história de amor, com final aberto. A última palavra, evidentemente, é sempre do leitor.

A lista pode continuar interminavelmente...

11 de set. de 2014

Verborhagia

Estreamos a coluna Porto Alegre Literária apresentando a Verborhagia: revista eletrônica de literatura que prioriza escritores independentes. 


Voltada exclusivamente para a publicação de textos, a revista distingue-se por excluir quaisquer outros elementos comresenhas de livros, entrevistas ou dicas culturais. É também dada prioridade à escritores que não possuam publicações em livros, ainda que esta não seja uma exigência. 

Marcelo Martins
Lisiane Danieli
Concebida por Lisiane Andriolli Danieli e Marcelo Martins, ex-colegas do curso de Letras da Faculdade Porto-Alegrense (FAPA), a Verborhagia foi idealizada em conversas durante a FestiPoa Literária deste ano. 
Motivados pelas discussões do evento e pelo espírito do “faça você mesmo”, Lisiane e Marcelo decidiram criar uma revista que se concentrasse em publicar textos de pessoas como eles, inquietos e apaixonados por literatura, dispostos a tirar os rascunhos da gaveta. 
Outro conceito que orientou a publicação foi o de fugir do academicismo dominante em jornais e revistas do gênero. Por esse motivo a opção de publicar apenas textos, nada além disso. 

A revista surgiu sem pretensões específicas, muito mais como um canal de diálogo, de encontro com autores e leitores. A ideia é encontrar outros, dialogar, produzir. 
Com sua primeira edição lançada em julho e a segunda em agosto de 2014, a Verborhagia já encaminha-se para seu terceiro número. 

Tanto a recepção quanto a participação de escritores têm sido positivas, dentro do espírito da colaboração e das possibilidades que se abrem a partir desse encontro. Marcelo nos conta que, de longe, a revista superou as suas expectativas e as de Lisiane.

Ainda de acordo com os organizadores, a maior dificuldade é a divulgação, que até agora, em boa parte, restringiu-se ao Facebook e e-mails. Um sarau está nos planos, bem como a distribuição de um fanzine, entre outras ações e parcerias. Possivelmente outros projetos virão por aí. 

Quem desejar colaborar com a revista pode enviar seus textos para o e-mail: verborhagia@gmail.com
Curtam também a página no Facebook: www.facebook.com/Verborhagia.

Fica o convite para interessados em divulgar seus textos literários. Participem!



Texto: Thaísa Gonçalves / Marcelo Martins

A Livraria do Globo da Rua da Praia

  A escultura de ferro no topo do prédio da Rua dos Andradas (Rua da Praia), talvez continue despercebida devido à pressa dos dias de hoje. ...