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9 de jun. de 2020

Literatura do Rio Grande do Sul - Simbolistas

Simbolistas

Há quatro poetas simbolistas de renome na literatura gaúcha: 

Eduardo Guimarães (1892-1928)- Foi um escritor, tradutor e jornalista, considerado um dos maiores representantes da poesia simbolista no Brasil.
Divina Quimera, publicado em 1916, é o segundo livro de poesia do escritor brasileiro Eduardo Guimarães, sendo bastante influenciada por Dante e por D'Annunzio: buscou, no primeiro, a noção do amor eterno e espiritualizado e, no segundo, a atmosfera decadentista e a feição aristocrática e elitizante. 


Alceu Wamosy (1895-1923)- Foi um jornalista e poeta brasileiro.
Flâmulas, publicado originalmente em 1913, foi o livro de estreia do poeta simbolista brasileiro. A obra exprime a influência de Cruz e Sousa e um intimismo melancólico, reunindo vinte sonetos.

 
Álvaro Moreyra (1888-1964) - Foi cronista, poeta, dramaturgo, diretor teatral, jornalista e radialista. Sob influência do simbolismo francês, em 1909, estréia com o livro de poemas Degenerada.

 
Felipe D'Oliveira (1890-1934) - Foi um poeta, jornalista, farmacêutico, empresário, esportista e escritor brasileiro.
Alguns Poemas (1937). Sua obra poética foi influenciada, nos primeiros anos, pela estética simbolista e, a partir de 1926, passou a incorporar elementos das vanguardas modernistas.


1 de jun. de 2020

Literatura do Rio Grande do Sul - Poetas modernistas

Poetas modernistas

Mário Quintana, Augusto Meyer e Raul Bopp são usualmente considerados a trindade modernista do Rio Grande do Sul, sendo o poeta Tyrteu Rocha Vianna, considerado pela crítica, o mais dotado dos primórdios da poesia modernista no início do século XX do estado.

São também destaques a poetisa Lila Ripoll, vinculada à segunda geração do modernismo, Felipe D'Oliveira, Carlos Nejar e Armindo Trevisan, Heitor Saldanha, Clóvis Assumpção, Pedro Wayne, Ernani Fornari e Itálico Marcon, entre outros.

Tyrteu Rocha Vianna (São Francisco de Assis, Rio Grande do Sul, 28 de novembro de 1898 - Alegrete, 21 de setembro de 1963) foi um poeta de vanguarda, radioamador, e grande proprietário de terras do Rio Grande do Sul, Brasil.
Seu único livro publicado, Saco de Viagem (1928), tem características formais cubistas e futuristas, bem como neologismos que exploram a linguagem regional do gaúcho. 
O humor do modernismo brasileiro é direcionado, principalmente, à fatos da política local e das cidades vizinhas, com características rurais, localizada no sudoeste rio-grandense, São Francisco de Assis, a qual foi palco de sangrentos combates na Revolução de 1923.
O livro fo publicado pela Editora Globo e pago pelos próprios meios do poeta. Conforme seu filho adotivo, Oscar Ferreira da Costa, o poeta desejava imprimir somente 10 exemplares, para presentear os seus melhores amigos, crendo que não valia a pena mostrar a obra a muitas pessoas. Informado que o custo seria alto e que a tiragem deveria ser de, no mínimo, 1.000 exemplares, o poeta pagou o preço dos mil exemplares, fazendo imprimir apenas os 10 exemplares desejados, com o nome do amigo que seria presenteado impresso.



Mário de Miranda Quintana - "poeta das coisas simples" -(Alegrete, 30 de julho de 1906 — Porto Alegre, 5 de maio de 1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro.
Esconderijos do Tempo é um livro de poesia, publicado em 1980, concedeu ao autor o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra literária.
Contendo cinquenta poemas breves, quase todos escritos em versos livres ou em forma de prosa poética, mostra-se também um livro de maturidade de Quintana por trazer como temas centrais as suas reflexões sobre a velhice, a morte, o fazer poético e, sobretudo, a memória – questões de natural interesse para um escritor que trazia então em si o conhecimento e a vivência de toda uma longa vida dedicada à literatura.
Um dos traços marcantes de “Esconderijos do Tempo” é a coloquialidade de sua linguagem – aparentemente um estratagema do poeta para tornar seus poemas ainda mais próximos do que seriam verdadeiros diálogos com o leitor ao colocar textualmente traços característicos da oralidade.

Augusto Meyer - modernista lírico dos pampas -(Porto Alegre, 24 de janeiro de 1902 — Rio de Janeiro, 10 de julho de 1970).Foi um jornalista, ensaísta, poeta, memorialista e folclorista brasileiro,introduzindo uma feição regionalista à poesia. Foi membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Filologia, diretor da Biblioteca Pública do Estado e do INL durante cerca de trinta anos em Porto Alegre.
Poemas de Bilu (1929), um dos livros que conquistou renome nacional.



Raul Bopp (Vila Pinhal, 4 de agosto de 1898 — Rio de Janeiro, 2 de junho de 1984) foi um poeta modernista e diplomata brasileiro.
Em 1931 lançou "Cobra Norato", considerado seu principal livro e obra mais importante do movimento antropofágico; um dos mais importantes do modernismo, pela força de suas descrições, pelo lirismo que informa o poema, pelo seu aproveitamento das raízes populares. Nele, o poeta cria um drama épico e mitológico nas selvas amazônicas, incorporando à estrutura do verso livre elementos do folclore e da fala regional.




29 de mai. de 2020

Literatura do Rio Grande do Sul - Romance de 30

Romance de 30

Autores do romance de 30 gaúchos foram Érico Veríssimo (1905-1975), Dyonélio Machado (1895-1985) e Cyro Martins (1908-1995).


Chama-se de romance de 30 ou neorrealismo, a produção ficcional brasileira de inspiração realista produzida a partir de 1928 com o acréscimo do regionalismo e das conquistas modernistas de introspecção e liberdade linguística. 
As características comuns aos romances de 30 são a verossimilhança, o retrato direto da realidade em seus elementos históricos e sociais, a linearidade narrativa, a tipificação social (indivíduos que representam classes sociais) 
Em função do predomínio da temática rural, generalizou-se também o conceito de romance regionalista para indicar os relatos da época, apesar de alguns romances urbanos fazerem parte do mesmo período.

Autores do romance de 30 gaúchos foram:

Érico Veríssimo (1905-1975) - A obra mais importante deste período é, sem dúvida, a trilogia O Tempo e o Vento.
É uma série literária de romances históricos,que resgata duzentos anos da história do Rio Grande do Sul, dividido em O Continente (1949), O Retrato (1951) e O Arquipélago (1961), o romance conta uma parte da história do Brasil vista a partir do Sul - da ocupação do "Continente de São Pedro" (1745) até 1945 (fim do Estado Novo), através da saga das famílias Terra e Cambará. É considerada por muitos a obra definitiva do estado do Rio Grande do Sul e uma das mais importantes do Brasil. 


Dyonélio Machado (1895-1985)- Escrito em 1935, a pedido do amigo Érico Veríssimo – que o queria participando de um concurso literário que ele acabaria vencendo, o prêmio Machado Assis de Literatura. Os ratos narra a trajetória de um dia de angústia e desespero do servidor público Naziazeno. Considerada obra-prima, o romance tem 28 capítulos, retratando em sua obra os aspectos sociais e a dimensão subjetiva de maneira equilibrada, alterna o ponto de vista sobre a sociedade e a narrativa psicológica para analisar a vida de personagens pobres no interior do Brasil.


Cyro Martins (1908-1995)- Deixou sua marca na literatura gaúcha com a Trilogia do gaúcho a pé e também foi um intelectual de referência no desenvolvimento da psicanálise no Rio Grande do Sul.
A chamada trilogia do gaúcho a pé, concluída com este romance, tem sido lida como documento de uma época, porque descreve, situa e analisa o processo da marginalização do gaúcho pobre e o êxodo dos habitantes da campanha riograndense para a cidade, sob o impacto da modernização na primeira metade do século XX.


 "No Sul, por exemplo, enquanto Cyro Martins, Pedro Wayne, Aureliano de Figueiredo Pinto e Ivan Pedro Martins denunciavam as condições sociais na região da Campanha, Erico propunha uma nova pauta: a formação das classes dirigentes e os meios pelos quais elas acessaram o poder"

Literatura do Rio Grande do Sul - Pré-modernistas

Pré-modernistas

João Simões Lopes Neto (1865-1916) é o principal escritor regionalista dos gaúchos, autor de obras como Contos Gauchescos (1912) e Lendas do Sul (1913), que valorizaram a tradição oral peculiar da região da Campanha.
Por se encontrar em uma linha limite entre o realismo e o modernismo propriamente dito, as obras de João Simões Lopes Neto são agrupadas no perfil literário do pré-modernismo.
Contos Gauchescos (1912) é o segundo livro do escritor gaúcho regionalista. É composta por dezenove contos sobre o mundo gauchesco e é narrada por Blau Nunes, ex-furriel de “oitenta e oito anos, todos os dentes, vista aguda e ouvido fino”.


Lendas do Sul (1913) é o terceiro livro do escritor. Narra várias conhecidas lendas do Rio Grande do Sul, mas a mais conhecida é o Negrinho do Pastoreio, outrora passadas de boca a boca, principalmente na região interiorana. Um dos contos apresentados, A Salamanca do Jarau inspirou Érico Veríssimo a escrever algumas partes de sua grande obra, O Tempo e o Vento.


Outros regionalistas foram:
Alcides Castilho Maia (1878 — 1944) foi um jornalista, político, contista, romancista e ensaísta.
Alma bárbara (contos)- 1922 Há na ficção gauchesca de Alcides Maya um sentido gauchesco pleno que abrange aspectos extensos da vida da nossa campanha na transição do século XIX para XX. Há também uma identificação que transfunde ao leitor, envolvendo-o, tornando-o íntimo, pelo sentimento de cenas e costumes da vida pampiana que descreve com sua rara capacidade estética de não só retratar a paisagem da campanha rio-grandense , principalmente os descampados da fronteira, como também captar o que as suas nuances de cor e linha insinuam na alma da gente.


Darcy Azambuja (1901 — 1970) foi um escritor, professor universitário e jurista.
No galpão (contos) - 1925 Foi a primeira obra literária escrita por Azambuja e a primeira a receber o Prêmio de Contos da Academia Brasileira de Letras no mesmo ano. Composta por 16 contos, todos tendo como cenário e pano de fundo o Rio Grande do Sul.
O conto que prefacia a obra é “Fogão gaúcho”. A narrativa serve como uma introdução para os demais e se alimenta de um enredo que narra uma noite fria do inverno gaúcho, cuja personagem principal é a velha Silvina, que conta fábulas para as crianças dentro de casa. Enquanto isso, os “peões” contavam casos em um galpão, dando a entender que as histórias que vêm a seguir são fruto da conversa entre os companheiros.





2 de abr. de 2020

Algumas obras principais de Erico Verissimo encontradas em vídeo

Estes vídeos são para auxiliar na compreensão da obra de Érico Veríssimo, não substituindo, portanto, a leitura do livro na íntegra.

Primeiro best-seller de Erico Verissimo, Olhai os lírios do campo representou uma guinada na carreira literária do escritor. Eugênio Pontes, moço de origem humilde, a custo se forma médico e, graças a um casamento por interesse, ingressa na elite da sociedade. Nesse percurso, porém, é obrigado a virar as costas para a família, deixar de lado antigos ideais humanitários e abandonar a mulher que realmente ama. Esta obra é um convite à reflexão sobre os valores autênticos da vida.
Em dezembro de 1963, uma sexta-feira 13, a matriarca Quitéria Campolargo arregala os olhos em sua tumba, imaginando estar frente a frente com o Criador. Mas logo descobre que está do lado de fora do cemitério da cidade de Antares, junto com outros seis cadáveres, mortos-vivos como ela, todos insepultos. Uma greve geral na cidade, à qual até os coveiros aderiram, impede o enterro dos mortos. O que fazer? Em Incidente em Antares, Erico Verissimo faz uma sátira política contundente e hilariante que, mesmo lançada em 1971, em plena ditadura militar, não teve receio de abordar temas como tortura, corrupção e mandonismo.

Obra de grande força imaginativa, Ana Terra pertence à trilogia de O tempo e o vento. O livro conta a história da personagem Ana Terra, que mora com os pais e dois irmãos no interior gaúcho, na segunda metade do século XVIII. Única filha mulher, ela é impedida de comprar um espelho, objeto fútil nesse ambiente austero. Sem ter onde mirar-se, só pode contemplar sua figura na superfície do regato onde lava a roupa da família.
Quando Rodrigo Cambará surge no povoado de Santa Fé, parece chamar encrenca. Com a patente de capitão, obtida no combate com os castelhanos, é apreciador da cachaça, das cartas e das mulheres. Homem de espírito livre, não combina com os habitantes pacatos do local, mantidos no cabresto pelo despótico coronel Ricardo Amaral Neto. Mas depois de conhecer Bibiana Terra, nada convence Rodrigo a arredar o pé da aldeia. Nem a aspereza de Pedro, pai de Bibiana, nem a zanga do coronel, que não vê com bons olhos os modos do capitão. Ele está apaixonado por ela e quer casar-se. 

Música ao longe retrata a decadência econômica e moral da rica e tradicional família Albuquerque, de Jacarenga, interior do Rio Grande do Sul, sob o ponto de vista da ingênua Clarissa. Personagem do romance homônimo (Clarissa, lançado em 1933), a adolescente de 16 anos é considerada a mais autêntica de todos os personagens de Erico Verissimo. Nesse romance, Clarissa dá seus primeiros passos em direção à vida adulta e à maturidad.

13 de mar. de 2020

21 de março é o Dia Internacional da Poesia


A data foi criada em novembro de 1999 durante a Conferência Geral da Unesco.
Abaixo selecionamos 3 dicas de poesia de autores diferentes e clássicos, considerados tesouros da escrita poética.
  • Para Viver com Poesia, de Mário Quintana



Se quer começar a ler poesia, nada como Mario Quintana: o poeta das coisas simples. Neste livro de fácil leitura, escrita leve e educativa, você encontrará poemas sobre momentos da vida, e reflexões que seriam úteis a pessoas de qualquer idade. Com a sua forma descomplicada e subjetiva de escrever, Quintana criou uma obra linda, acessível e necessária.
  • Sentimento do mundo, de Carlos Drummond de Andrade 

Sentimento do mundo mostra o poeta Carlos Drummond de Andrade atento aos acontecimentos políticos de sua época. Esse autor humanista lamenta que as pessoas mantenham olhos cerrados para o mundo, a ponto de permitir a violência — a Segunda Guerra Mundial e a ditadura getulista — e de trocar a compaixão pelo egoísmo de quem vive fechado em si mesmo ou em um “terraço mediocremente confortável”.
  • Cânticos, de Cecília Meireles 

Cântico reúne 26 poemas inéditos de Cecília Meireles, todos eles de caráter intimista e introspectivo, alguns com mote vinculado à eternidade e à autodescoberta. A obra permite ao leitor observar os manuscritos da autora, oferecendo a rara oportunidade de compartilhar alguns de seus processos de produção poética.

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3 de mar. de 2020

Março: Mês da Mulher

O Dia Internacional da Mulher é, sobretudo, um momento de reflexão para lembrar a luta pela igualdade. A biblioteca Erico Veríssimo oferece dicas de livros (do nosso acervo) escritos por mulheres pertinentes a esta celebração. 


‘O Segundo Sexo’ (1949), de Simone de Beauvoir

Uma leitura fundamental para quem se interessa por entender como, ao longo da história, as identidades das mulheres foram sendo construídas – normalmente em relação a um homem: filha, esposa, mãe, esquecendo-se de si mesmas. Ou seja, como a metade da população foi definida – e se autodefiniu – em função da outra metade. Se você quiser entender de uma vez por todas o que é isso de “não se nasce mulher: torna-se”, esse livro explica perfeitamente. Obra feminista discute o benefício que a igualdade real traria tanto para as mulheres como para os homens. É um ‘best-seller’ desde sua publicação, em 1949, e continua sendo de uma raivosa atualidade, apesar de ter sido escrito mais de sete décadas atrás.

‘Jane Eyre’ (1847), de Charlotte Brontë

Despe de convencionalismos e lugares comuns uma figura, a da mulher órfã, solteira e trabalhadora, que os escritores do século XIX retrataram quase sempre com paternalismo. Se ‘Jane Eyre’ fosse escrito por um homem, sua protagonista seria uma mulher desvalida e vítima de todos. Mas Charlote Brontë conta a história de uma mulher que luta para ser independente e que resiste a ser apenas “mulher de”, e o que aparece é o oposto luminoso de ‘Madame Bovary’. Existe um fundo romântico, é verdade, mas não é o que importa: o essencial é que Jane Eyre fala diretamente ao leitor, conta-lhe sua vida e o faz partícipe dela. Relata de forma direta e apaixonada como era a vida provinciana da Inglaterra vitoriana, fugindo do vitimismo e da autocompaixão. Um romance apaixonante.

‘A Hora da Estrela'(1977), de Clarice Lispector
A prestigiosa filósofa Hélène Cixous considerava essa autora brasileira de origem ucraniana como um exemplo perfeito de “escrita feminina”, uma polêmica categoria estilística. Em todo caso, e filosofia à parte, ‘A Hora da Estrela’ é o texto mais acessível de Lispector e a melhor introdução possível à obra. Sua protagonista, Macabea, é uma migrante perdida no Rio de Janeiro, vive sem saber para quê. Depois de perder a tia, aluga um quarto, emprega-se como datilógrafa e se apaixona por Olímpio de Jesus – que logo a trai com uma colega de trabalho. 
Resenha: O último livro escrito por Clarice Lispector é também uma despedida. Lançado pouco antes de sua morte, A hora da estrela conta os momentos de criação de Rodrigo, o escritor que narra a história de Macabéa. Ela sabia que a morte estava próxima e coloca um pouco de si nas personagens. Ele, um escritor à espera da morte; ela, uma solitária que gosta de ouvir a rádio Relógio e que passou a infância no Nordeste, assim como Clarice. A despedida da autora é uma obra instigante e inovadora. Como diz Rodrigo, estou escrevendo na mesma hora em que sou lido. É a autora contando uma história e, ao mesmo tempo, revelando ao leitor seu processo de criação e sua angústia diante da vida e da morte.

‘A Odisséia de Penélope’ (2005), de Margaret Atwood
A escritora canadense Margaret Atwood é romancista, poetisa, contista e ensaísta e ganhou o Prêmio Arthur C. Clarke e o Prémio Príncipe das Astúrias na categoria “letras”.
O livro é narrado por Penélope e sua trajetória depois de morta, contando fatos de sua vida. Ao mesmo tempo, assombrada pelas doze escravas que a ajudaram a enganar e distrair os homens (pretendentes) que tentavam usurpar o trono de Ulisses, seu marido, e foram enforcadas injustamente.
Margaret Atwood dá voz a nós mulheres dentro do clássico. Penélope pode ser conhecida parcialmente por sua fidelidade a seu marido, mas enganam-se os que só acham isso, pois Penélope possui todas as características gregas de um herói que são honra (τιμή, virtude (αρετή, glória (κλέος) e é tão divina quanto Ulisses. Penélope é uma heroína da história.

Contos D'escárnio/textos grotescos'(1990) de Hilda Hilst
Trata-se de uma sátira muito divertida, com doses generosas de ironia, muito bem estruturada, típica de uma grande escritora. Em “Contos D’Escárnio”, Hilda Hilst deixou-se “incorporar” por um personagem masculino, um sessentão chamado Crasso. Coincidentemente a mesma idade da autora, em 1990, ano da publicação do livro. Em primeira pessoa, como todo livro de memórias, o narrador Crasso registra suas “safadezas da maneira mais chula possível”, deixando o leitor completamente pasmo, embasbacado, pois, independentemente do fato de sabermos distinguir autor e obra, inconscientemente acabamos por vincular uma coisa e outra. É natural. E quem escreveu o livro foi uma “Senhora” de 60 anos. Até poderia ser comum uma senhora escritora de 60 anos escrever sobre “auto-ajuda”; “livro-psicografado”; “coisas religiosas”; “memórias-reais” [...]. Mas não com Hilda Hilst. Não há como enquadrar Hilda Hilst dentro do padrão médio de uma mulher brasileira de 60 anos. Hilda Hilst é um fenômeno, tanto poeta como prosadora.

'Mrs. Dalloway'(1925) de Virginia Woolf
Toda a história do romance se passa num único dia, em junho de 1923, em que Clarissa Dalloway resolve, ela mesma comprar flores para a festa que vai oferecer logo mais, à noite, em sua casa. A partir desta cena inicial, o romance segue a protagonista pelas ruas de Londres num ritmo cinematográfico, registrando suas ações, sensações e pensamentos. Em torno de Clarissa, gravitam vários personagens: o marido Richard Dalloway, a filha Elizabeth, um amigo de juventude que acaba de voltar da Índia, Peter Walsh, com quem ela tem grande conexão afetiva. Até mendigos que ela encontra na rua e o próprio Primeiro-Ministro vão entrar na história. Certos personagens atravessam o caminho de Clarissa, sem que ela se dê conta, e passamos a segui-los. É o caso de Septimus Warren Smith, um ex-combatente da Primeira Guerra Mundial arruinado pela doença mental.
Há simetrias, ressonâncias e descontinuidades, numa trama muito bem urdida por Virginia Woolf. A autora é prodigiosa na exploração dos desvãos da consciência e das ambiguidades entre os afetos e as convenções sociais. Passado e presente se intercalam, e acessamos os vários planos da subjetividade por meio de um elaborado uso do discurso indireto livre. Muito já se comentou sobre Mrs. Dalloway, desde que o livro foi publicado pela primeira vez, em 1925. O romance já foi considerado impressionista, criticado pela falta de unidade e reverenciado por ser revolucionário em termos de linguagem. Já se disse que a obra é incrivelmente contemporânea, fazendo uso de técnicas de justaposição e montagem, como no cinema. Há quem trate o livro como um romance feminino. Ou como um brilhante ensaio filosófico. Mrs. Dalloway também pode ser lido como um documento das transformações sociais e políticas dos anos 1920, ou como um romance psicológico. Ou mesmo como uma vibrante história de amor, com final aberto. A última palavra, evidentemente, é sempre do leitor.

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A Livraria do Globo da Rua da Praia

  A escultura de ferro no topo do prédio da Rua dos Andradas (Rua da Praia), talvez continue despercebida devido à pressa dos dias de hoje. ...